2.2.05
Mais uma nota sobre o S. Carlos- Desempenho Global
Quando falo de avaliação do desempenho na Função Pública falo também da avaliação global de um Teatro Nacional de Ópera e dos seus serviços.
Pensar que uma orquestra arrasa a música de uma ópera numa dada noite, com músicos a dar notas trocadas a noite inteira mesmo no mais singelo acompanhamento, mostra muito sobre a qualidade de uma orquestra, mas há mais questões que se devem pôr. Sem querer desculpar a orquestra ficam ainda muitas perguntas no ar. Os responsáveis, preocupados com o rame-rame das produções, contratações, sempre em stress para a próxima que já está atrasada e o dinheiro que não vem, com um volume de trabalho enorme, mas rotineiro, alguma vez param para pensar no que está errado na ópera e na Orquestra Sinfónica Portuguesa?
Como é possivel que uma produção de tão fraca qualidade musical seja apresentada perante o público?
Não há mecanismos de análise e de correcção de erros e procedimentos? Será que com a máquina posta a funcionar, com planos de ensaio marcados por exemplo, nada se pode alterar em face de um desastre eminente? Está em causa uma produção nova, a Medea de Cherubini, basta a Theodossiu para fazer história? Claro que não, é ridículo pensar a ópera hoje se faz apenas com uma cantora, mesmo que a orquestra pareça uma banda de aldeia a tocar à primeira vista. Por muito que o público bata palmas e alguma crítica consiga ainda engolir esta situação.
Pensamos numa perspectiva de gestão correcta e moderna do produto musical oferecido e verificamos que não existe qualquer controlo de qualidade nos serviços do Estado nestas matérias. Não existe uma inspecção cultural real. Os Teatros não têm mecanismos de reforço dos procedimentos e melhoria constante.
Aspectos práticos que questiono neste caso:
As partituras são distribuidas correctamente aos músicos, com antecipação, para se poderem estudar? Será que as indicações prévias dos maestros chegam atempadamente aos músicos?
A planificação dos ensaios é feita criteriosamente? A gestão dos recursos humanos e distribuição dos instrumentistas pelos naipes é a mais indicada e feita de forma a optimizar o esforço dos músicos e os recursos disponíveis sem excesso de encargos para o erário público?
Será que a orquestra tem condições de ensaio dignas? O fosso da orquestra tem condições?
Será que os palcos e os apoio cénicos têm meios modernos para produções de qualidade em prazos reduzidos? Que andam os funcionários a fazer? Será que as tarefas estão distribuidas de forma racional e eficaz?
Parar para pensar e reflectir, ponderar uma gestão, não de curto prazo mas estratégica. Ponderar investimentos, ponderar economias e cortes racionais. Avaliar o desempenho de todos, quando escrevo que os instrumentistas e cantores devem ser permanentemente avaliados por padrões internacionais e de forma rigorosa mas justa, alargo essa necessidade de avaliação, que deveria ser pacífica e óbvia a todos os sectores dos Teatros Nacionais e, claro, a toda a Função Pública.
Dúvidas
Mas avaliar sem dar meios conduzirá apenas a mais desmotivação? Ou isso é uma questão de mentalidades? Quem tem brio deve fazer o melhor apesar dos fracos recursos?
Veja-se o exemplo da orquestra de S. Petersburg ou de tantas orquestras do Leste da Europa, tanta qualidade e tão baixos vencimentos... Não defendo o mesmo aqui, quem trabalha dignamente deve receber dignamente, mas não deixo de elogiar o brio desses músicos que em condições lamentáveis continuam a levantar mais alto a sua arte, com amor.
É evidente que os recursos, o apoio artístico, técnico e administrativo, devem ser prestados com grande rigor e eficiência aos artistas. No dia da récita ouve-se o final de um trabalho de muita gente. Se a orquestra falhou em toda a linha, se o coro falhou, será que são os músicos os únicos responsáveis?
P.S. Falta a análise do trabalho dos cantores (digno) na Medeia de Cherubini e analisar a encenação. Falta ainda um trabalho sobre Pollini na Gulbenkian. Os próximos posts serão sobre estes assuntos.
Pensar que uma orquestra arrasa a música de uma ópera numa dada noite, com músicos a dar notas trocadas a noite inteira mesmo no mais singelo acompanhamento, mostra muito sobre a qualidade de uma orquestra, mas há mais questões que se devem pôr. Sem querer desculpar a orquestra ficam ainda muitas perguntas no ar. Os responsáveis, preocupados com o rame-rame das produções, contratações, sempre em stress para a próxima que já está atrasada e o dinheiro que não vem, com um volume de trabalho enorme, mas rotineiro, alguma vez param para pensar no que está errado na ópera e na Orquestra Sinfónica Portuguesa?
Como é possivel que uma produção de tão fraca qualidade musical seja apresentada perante o público?
Não há mecanismos de análise e de correcção de erros e procedimentos? Será que com a máquina posta a funcionar, com planos de ensaio marcados por exemplo, nada se pode alterar em face de um desastre eminente? Está em causa uma produção nova, a Medea de Cherubini, basta a Theodossiu para fazer história? Claro que não, é ridículo pensar a ópera hoje se faz apenas com uma cantora, mesmo que a orquestra pareça uma banda de aldeia a tocar à primeira vista. Por muito que o público bata palmas e alguma crítica consiga ainda engolir esta situação.
Pensamos numa perspectiva de gestão correcta e moderna do produto musical oferecido e verificamos que não existe qualquer controlo de qualidade nos serviços do Estado nestas matérias. Não existe uma inspecção cultural real. Os Teatros não têm mecanismos de reforço dos procedimentos e melhoria constante.
Aspectos práticos que questiono neste caso:
As partituras são distribuidas correctamente aos músicos, com antecipação, para se poderem estudar? Será que as indicações prévias dos maestros chegam atempadamente aos músicos?
A planificação dos ensaios é feita criteriosamente? A gestão dos recursos humanos e distribuição dos instrumentistas pelos naipes é a mais indicada e feita de forma a optimizar o esforço dos músicos e os recursos disponíveis sem excesso de encargos para o erário público?
Será que a orquestra tem condições de ensaio dignas? O fosso da orquestra tem condições?
Será que os palcos e os apoio cénicos têm meios modernos para produções de qualidade em prazos reduzidos? Que andam os funcionários a fazer? Será que as tarefas estão distribuidas de forma racional e eficaz?
Parar para pensar e reflectir, ponderar uma gestão, não de curto prazo mas estratégica. Ponderar investimentos, ponderar economias e cortes racionais. Avaliar o desempenho de todos, quando escrevo que os instrumentistas e cantores devem ser permanentemente avaliados por padrões internacionais e de forma rigorosa mas justa, alargo essa necessidade de avaliação, que deveria ser pacífica e óbvia a todos os sectores dos Teatros Nacionais e, claro, a toda a Função Pública.
Dúvidas
Mas avaliar sem dar meios conduzirá apenas a mais desmotivação? Ou isso é uma questão de mentalidades? Quem tem brio deve fazer o melhor apesar dos fracos recursos?
Veja-se o exemplo da orquestra de S. Petersburg ou de tantas orquestras do Leste da Europa, tanta qualidade e tão baixos vencimentos... Não defendo o mesmo aqui, quem trabalha dignamente deve receber dignamente, mas não deixo de elogiar o brio desses músicos que em condições lamentáveis continuam a levantar mais alto a sua arte, com amor.
É evidente que os recursos, o apoio artístico, técnico e administrativo, devem ser prestados com grande rigor e eficiência aos artistas. No dia da récita ouve-se o final de um trabalho de muita gente. Se a orquestra falhou em toda a linha, se o coro falhou, será que são os músicos os únicos responsáveis?
P.S. Falta a análise do trabalho dos cantores (digno) na Medeia de Cherubini e analisar a encenação. Falta ainda um trabalho sobre Pollini na Gulbenkian. Os próximos posts serão sobre estes assuntos.
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