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15.12.04

Surpresa negativa na Gulbenkian 

Ver um trabalho excelente de Jordi Savall e companhia ser estragado por uma amplificação sonora horrenda, desfazada, com eco, distorcendo as vozes dos cantores, sobretudo de Monserrat Figueras, não só amplificando como reforçando o registo médio desta cantora. Interferindo negativamente na percepção do texto e da música, com ruídos parasitas, fontes sonoras alternativas em que o som vinha ao mesmo tempo dos músicos e dos altifalantes, criando uma sensação de desconforto total. É evidente que é muito mais fácil assim, é evidente que a mulher de Jordi Savall já não tem a voz de antigamente, aliás nunca teve uma voz fantástica, mas estes "projectos" começam a cheirar a esturro. Parece que não passam de mecanismos promocionais para os discos da editora de Jordi Savall que precisa de lenha para alimentar a fogueira, que é como quem diz: a conta bancária.
Se Savall tinha alaúdes a menos, que utilizasse mais, se a harpa não se ouvia (outra vez a harpa!) que contratasse mais harpistas. Para ouvir a música de amplificadores e altifalantes de má qualidade, ainda por cima com o efeito manhoso de um eco adicionado tecnicamente, fico em casa a ouvir o CD, igual ao concerto, que Savall lançou recentemente, ao menos tenho um Leak. Já bastava a música pop ter ruído em vez de música, mercê de amplificações exorbitantes e desnecessárias. Um trabalho de reconstituição musical dos textos do tempo de "Isabel a Católica" transformada numa "Isabel em Cólica".
Mau demais para ser verdade, quase uma anedota. Fica a pergunta:

Qual a marca dos amplificadores, colunas e microfones, das Capelas de Isabel e Fernando?

Recuso-me a fazer qualquer crítica sobre um concerto em que foi servida uma versão falseada e disparatada por amplificação electroacústica da música do tempo de Isabel a Católica. Começo a duvidar do rigor histórico de uma reconstituição musical feita por Jordi Savall a partir de textos fragmentários e de linhas vocais encontradas em cancioneiros. Alguém que vende gato por lebre em termos sonoros, isto numa sala com uma acústica óptima como a da Gulbenkian, será capaz de recorrer ao gosto fácil e não ao estudo profundo na reinterpretação das obras?...


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