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1.12.04

Restauração 

Hoje celebra-se duplamente a restauração. Mas sem embandeirar em arco: depois do caos deste Santana Lopes espera-se a bandalheira do PS. Vitorino saiu da cartola, tipo gnomo mágico, um anão gordinho e sorridente pronto para todos sebastianismos, mas que nunca concretiza nada.
Por outro lado o presidente não precisa de ter qualquer justificação para dissolver a assembleia. Precisa, sim, para demitir o primeiro ministro. De qualquer modo as instituições não estavam a funcionar. Basta ver como o governo tratou a Alta Autoridade para a comunicação social. Poderia ter demitido pura e simplesmente Santana e convocado eleições de seguida com um governo digno desse nome, sem problemas constitucionais.
Mesmo com todas estas contingências hoje temos uma espécie de restauração. A restauração de uma certa dignidade democrática na vida política portuguesa.
O PP, por arrastamento, cai. E creio que sem grandes faltas da parte deste partido. Com a traição clara do PSD ao PP, feita em congresso, o pequeno partido pode tirar dividendos desta traição, sobretudo se Santana liderar o PSD na próxima campanha eleitoral.
Prevejo que Santana, o político incompetente de Cavaco, nunca mais terá lugar na política portuguesa, mas o homem tem muita lata. Um pequeno playboy como Santana que não sabe fazer nada, não tem alternativa sequer de emprego, de modo que vai tentar uma chance no futuro, mas sem grandes hipóteses de voltar à chamada "grande política" que, bem se sabe, é geralmente baixa política.

Santana não tem sentido de estado, foi desleal, não tinha capacidade de coordenação, foi errático, desmentiu-se a si próprio, e aos outros, sistematicamente, desmarcou tomadas de posse para ir a festas, é ignorante, é inculto, é preguiçoso no estudo dos dossiers, não está preparado para qualquer função, não tem formação académica. Os autistas não querem ver, Sampaio viu demasiado tarde. Mais vale tarde do que nunca.

A cultura, a ciência, a educação, estão de parabéns. Talvez por pouco tempo.


Mas a restauração verdadeira desta coisa será dada pelo grande intérprete destas questões: os eleitores. Se a coligação, por absurdo, for reconduzida, Sampaio dará força democrática a quem governou através do voto popular. Se o PSD de Santana for varrido pelo voto popular, prova-se que Sampaio teve toda a legitimidade. Creio, com toda a convicção, que a segunda hipótese é a certa. Não se trata de legitimidade formal, trata-se de legitimidade dada pelo povo e por eleições, que é quem deve ter a palavra nestas questões. Clarifica-se a situação e ponto.



A verdadeira Restauração ocorreu em 1640 e é essa que relembro e se celebra hoje. A guerra triunfante contra a potência de Castela e que durou cerca de trinta anos. Os portugueses foram capazes em 1640 e em muitos outros momentos, serão também capazes no futuro.

Outra restauração, um pouco mais caseira, é a da inclusão de blogues de boa qualidade na coluna dos destaques, como Textos de Contracapa (e o governo caiu com benzina!) que não estava na coluna da direita por manifesto esquecimento, o Diário Atheísta (que é um pouco fanático e fundamentalista nas sua sanha) que é altamente estimulante, parabéns pelo ano que celebrou ontem, e o Pula Pula que tem provado com o tempo ter qualidade para ser uma leitura interessante.


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