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4.12.04

Do significado dos números em Bach, I 

Bach via os números como os homens do seu tempo, Leibnitz, antigo aluno da escola de S. Tomé, bem antes do tempo de Bach, afirmou que a música era "um cálculo inconsciente da alma".

Leibnitz Leipzig - 1646, Hannover - 1716

Kepler (1571-1630) acreditava na música das esferas, e associava as órbitas dos planetas a certos intervalos, por exemplo a órbita de Marte estava associada ao número 3/2 que é a relação ideal entre a frequência do dó e a do sol, ou entre qualquer nota e a que está uma quinta perfeita acima.

J. S. Bach levou bem longe este cálculo, que deixou de ser inconsciente para passar a ser um cálculo preciso da alma. Mantendo a alma.
Se se disser que 3 é o número da Trindade, o número do Céu, representando o Pai, o Filho e o Espírito Santo, não se dá novidade a ninguém. O triângulo também representa o céu com a sua Trindade.
O 7 e o 12, são números que surgem inúmeras vezes na Bíblia. Bach conhecedor profundo dos textos sagrados não o ignorava. Sete são os dias da semana, os dias da Criação. Sete eram os planetas que Bach conhecia. Sete eram as portas de Jerusalém. Três mais quatro, 4 o número da terra, com os quatro elementos, os quatro pontos cardeais, os quatro cavaleiros do Apocalipse, quatro Evangelhos, três mais um, três sinópticos mais a quarta dimensão, a do Evangelho de João. Três, o número ímpar, feminino, quatro o número par, masculino; a sua adição representa a Criação, sete dias, sete planetas. São sete os salmos penitenciais. A reunião da Terra com o Céu: a plenitude. Sete notas da escala diatónica.
O produto de três por quatro é o número simbólico dos apóstolos (nunca se provou que eram factualmente 12), os apóstolos que virão no dia do Juízo Final julgar as doze tribos de Israel. 12 é, pois, o número da Igreja e ao mesmo tempo o número do juízo final. 12 portas terá a Jerusalém Celeste após o Apocalipse. Doze são as horas, doze são os meses. Doze são os signos do zodíaco. O inteiro Universo está contido no 12, espaço e tempo. O produto do feminino e do masculino, o todo. O cromatismo total, sem as limitações da escala diatónica. O ciclo completo, fechado na oitava, com doze sons implícitos reunidos num ciclo de duplicação das frequências. 7 é a Criação, 12 o Juizo! Sete são, no entanto, a últimas palavras de Cristo, o fim, mas também o princípio de uma "Boa Nova" que virá a abalar o mundo antigo influenciando para sempre os destinos da Humanidade...
Se acrescentarmos o número 1 para Deus uno, o 2 para a dualidade Pai-Filho, Divino-Humano, teremos quase toda a construção numérica do tempo de Bach. Falta referir que o 10 é o número mosaico dos Dez Mandamentos, o número da Lei. 20 representará a união da Lei Terreste e da Lei Divina!
As potências reforçam a força dos números.
Vejamos o Gloria da Missa em si menor, três partes, a Trindade, ritmo ternário. Et in terra pax, ritmo quaternário, Trindade e Terra, 3 e 4. Credo a 7 partes, Terra mais Céu. 27 são as partes do Clavier Übung III, 3 ao cubo. A potência reforça a força do número, a Trindade multiplicada três vezes por si própria!

Continua...

Bibliografia - F. Smend; Johan Sebastian Bach bei seinem Namen gerufen, Kassel, 1950.
Cantagrel, Gilles, Bach en son temps, Fayard, Paris. 1997.
Cantagrel, Gilles, Le Moulin et la Rivière, Fayard, Paris. 1998.
J. Kepler, Harmonices mundi libri, Linz, 1619.

Schweitzer, Albert, Bach. Dover editions, 1966. Os livros de Schweitzer têm de ser vistos no contexto do seu tempo, o endeusar de Bach leva a esquecer o factor humano e a integração do homem no seu tempo. Bach não é o quinto evangelista, obviamente. Mas são, mesmo tendo em conta estas considerações, textos notáveis sobre um compositor assombroso.

Um site sobre números e Bach: http://www.sectioaurea.com/bach.htm


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