4.10.04
Excesso de feriados
O 25 de Abril, o 10 de Junho, o 1 de Dezembro e o 5 de Outubro, quatro feriados que poderiam ser todos reunidos num único, o feriado das Revoluções Diversas, Dia de Portugal, de Camões e Poetas Afins e Outros Escritores e das Comunidades e Etc.
Assim tive uma ponte em que fui obrigado a não trabalhar: fecharam-me a Universidade! Isto numa fase em que necessitava de dar as aulas para manter os programas em curso e as turmas alinhadas.
Já bastava o próprio dia 5 de outubro, que é o dia em que uns velhos gagás do PS fizeram uma revolução há uns anos atrás. Agora vou ter de andar a recolocar aulas nos tempos mortos dos estudantes, que é o que fazemos no Técnico quando temos feriados e pontes.
Entretanto hoje a notícia é que a presidência recorre a uma velha arrecadação do palácio de Belém para fazer um museu da própria presidência! A tralha republicana numa velha arrecadação. Acho bem, a inutilidade, a incompetência reunida dos políticos que ocuparam o lugar desde 1910, tudo bem juntinho na velha arrecadação do palácio. Sampaio também ofereceu um busto.
A RDP sai à rua para avaliar dos conhecimentos presidenciais dos cidadãos, vê-se que é ponte e as notícias são escassas. A pergunta da jornalista feita aos incautos e raros passeantes na tarde ensolarada da ponte era: "qual o primeiro presidente de Portugal?"
Às respostas erradas perguntava: "e o nome de Manuel Arriga não lhe diz nada? É que esse é que foi o primeiro presidente!"
Felizmente a irrelevância do tema justifica de certa forma a ignorância da jornalista e dos transeuntes. O primeiro presidente foi Teófilo Braga. Exerceu o cargo de facto mas ilegalmente, uma vez que a revolução republicana não foi legitimada pelo sufrágio popular. Os partidos monárquicos foram ilegalizados e impedidos de participar nas eleições, ao contrário do partido republicano durante a monarquia. Nota-se que o cargo de presidente só foi formalizado depois da primeira constituição republicana em 1911. Nos anos seguintes o partido republicano fragmentou-se, os partidos que surgiram não só repetiram os defeitos dos partidos monárquicos como os ampliaram em larga escala. Os anos após o 5 de Outubro foram de caos, de confusão, de retrocesso, deram mesmo origem ao golpe de 28 de Maio de 1926 e a uma ditadura provinciana e tacanha, demasiado longa para não parecer um sonho cheio de nevoeiro e de espectros de dinossauros excelentíssimos. Seguiu-se uma partidocracia e uma democracia que não valoriza o mérito. Agora só me falta acrescentar uma boa gargalhada pela república, pelos políticos e por jornalistas que vão fazer perguntas para a rua sem saberem as respostas, pela ponte e pelo resto, que amanhã ainda é feriado.
Assim tive uma ponte em que fui obrigado a não trabalhar: fecharam-me a Universidade! Isto numa fase em que necessitava de dar as aulas para manter os programas em curso e as turmas alinhadas.
Já bastava o próprio dia 5 de outubro, que é o dia em que uns velhos gagás do PS fizeram uma revolução há uns anos atrás. Agora vou ter de andar a recolocar aulas nos tempos mortos dos estudantes, que é o que fazemos no Técnico quando temos feriados e pontes.
Entretanto hoje a notícia é que a presidência recorre a uma velha arrecadação do palácio de Belém para fazer um museu da própria presidência! A tralha republicana numa velha arrecadação. Acho bem, a inutilidade, a incompetência reunida dos políticos que ocuparam o lugar desde 1910, tudo bem juntinho na velha arrecadação do palácio. Sampaio também ofereceu um busto.
A RDP sai à rua para avaliar dos conhecimentos presidenciais dos cidadãos, vê-se que é ponte e as notícias são escassas. A pergunta da jornalista feita aos incautos e raros passeantes na tarde ensolarada da ponte era: "qual o primeiro presidente de Portugal?"
Às respostas erradas perguntava: "e o nome de Manuel Arriga não lhe diz nada? É que esse é que foi o primeiro presidente!"
Felizmente a irrelevância do tema justifica de certa forma a ignorância da jornalista e dos transeuntes. O primeiro presidente foi Teófilo Braga. Exerceu o cargo de facto mas ilegalmente, uma vez que a revolução republicana não foi legitimada pelo sufrágio popular. Os partidos monárquicos foram ilegalizados e impedidos de participar nas eleições, ao contrário do partido republicano durante a monarquia. Nota-se que o cargo de presidente só foi formalizado depois da primeira constituição republicana em 1911. Nos anos seguintes o partido republicano fragmentou-se, os partidos que surgiram não só repetiram os defeitos dos partidos monárquicos como os ampliaram em larga escala. Os anos após o 5 de Outubro foram de caos, de confusão, de retrocesso, deram mesmo origem ao golpe de 28 de Maio de 1926 e a uma ditadura provinciana e tacanha, demasiado longa para não parecer um sonho cheio de nevoeiro e de espectros de dinossauros excelentíssimos. Seguiu-se uma partidocracia e uma democracia que não valoriza o mérito. Agora só me falta acrescentar uma boa gargalhada pela república, pelos políticos e por jornalistas que vão fazer perguntas para a rua sem saberem as respostas, pela ponte e pelo resto, que amanhã ainda é feriado.
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