12.10.04
De repente a Luz
Uma sala de um palácio, as abóbadas por cima de nós. Um pequeno grupo de pessoas à espera, menos de duzentas. Um cravo em cima de um estrado. Morcegos pelo ar ainda quente do Verão que aqueceu o palácio durante os últimos meses.
O silêncio, dois homens entram quase a correr, palmas e muito pouco tempo de preparação, parece que estão ávidos de música, o silêncio, a paz breve antes do vulcão despertar. O cravo de Guido Morini ressoa pela sala, sons breves, rendilhados, diáfanos.
A descoberta, o silêncio daquele espaço mágico, poucas pessoas rodeados de milhares de livros encerrados nas suas estantes, livros que cantam a voz do tempo. A alma dos que os escreveram e que, do eterno, adormecidos esperam por nós.
Os morcegos continuam, eles vão acompanhar-nos até ao fim do concerto e, de repente, a luz. Num corpo de braços abertos abre-se a voz do cantor. Abriu-se também a alma dos que o ouviam. Uma voz que não é apenas uma voz, é um canto de um homem que pensa e nos faz amar e sofrer. Pouco mais há a dizer. Os críticos oficiais que critiquem. A viagem que Marco Beasley nos deu não se compadece com críticas. A única forma de a descrever é a poesia do escutar. O cravo esteve inseguro? E depois? Beasley tem pouca voz? Recita e não canta? Não interessa. Quem se preocupa com isso esquece as emoções, a extraordinária força das palavras poéticas que o italiano antigo nos transmite. A música de Monteverdi e seus pares fazem-nos descobrir universos de magia e de êxtase poético que só a música do início de seiscentos sabe transmitir, as emoções, os afectos. O domínio intenso das palavras e do som. Não digo mais nada, não estou para isso. Um dos melhores concertos a que pude assistir em Portugal neste domingo às 19h no Palácio de Mafra. Uma opinião muito particular e pessoal.
Obrigado a Miguel Lobo Antunes por se ter lembrado do Accordone de Marco Beasley e Guido Morini. Só a entrada de Beasley na Cantada de Sances teria valido este concerto, junta-se Monteverdi e Frescobaldi, o Purcell no último extra, as palavras de Tasso e de Dante e não se pode ouvir mais nada durante um mês.
Concertos excepcionais, preços baixíssimos, não percebo porque razão o público não acorreu em massa a Mafra.
O silêncio, dois homens entram quase a correr, palmas e muito pouco tempo de preparação, parece que estão ávidos de música, o silêncio, a paz breve antes do vulcão despertar. O cravo de Guido Morini ressoa pela sala, sons breves, rendilhados, diáfanos.
A descoberta, o silêncio daquele espaço mágico, poucas pessoas rodeados de milhares de livros encerrados nas suas estantes, livros que cantam a voz do tempo. A alma dos que os escreveram e que, do eterno, adormecidos esperam por nós.
Os morcegos continuam, eles vão acompanhar-nos até ao fim do concerto e, de repente, a luz. Num corpo de braços abertos abre-se a voz do cantor. Abriu-se também a alma dos que o ouviam. Uma voz que não é apenas uma voz, é um canto de um homem que pensa e nos faz amar e sofrer. Pouco mais há a dizer. Os críticos oficiais que critiquem. A viagem que Marco Beasley nos deu não se compadece com críticas. A única forma de a descrever é a poesia do escutar. O cravo esteve inseguro? E depois? Beasley tem pouca voz? Recita e não canta? Não interessa. Quem se preocupa com isso esquece as emoções, a extraordinária força das palavras poéticas que o italiano antigo nos transmite. A música de Monteverdi e seus pares fazem-nos descobrir universos de magia e de êxtase poético que só a música do início de seiscentos sabe transmitir, as emoções, os afectos. O domínio intenso das palavras e do som. Não digo mais nada, não estou para isso. Um dos melhores concertos a que pude assistir em Portugal neste domingo às 19h no Palácio de Mafra. Uma opinião muito particular e pessoal.
Obrigado a Miguel Lobo Antunes por se ter lembrado do Accordone de Marco Beasley e Guido Morini. Só a entrada de Beasley na Cantada de Sances teria valido este concerto, junta-se Monteverdi e Frescobaldi, o Purcell no último extra, as palavras de Tasso e de Dante e não se pode ouvir mais nada durante um mês.
Concertos excepcionais, preços baixíssimos, não percebo porque razão o público não acorreu em massa a Mafra.
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