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2.9.04

GUME 


A noite que governa a minha vida
deixa-me ver o tempo inexistente:
porvir devir lembrança expectativa
desfazem-se no vácuo do presente

Figura do futuro absorvida
como vaga pela praia permanente
aurora ou outra imagem suicida
por que te sinto em mim se o tempo mente?

Vivo no gume abstracto em que perdidos
os fantasmas embatem, nas areias
da madrugada errantes procurando
a fronteira que os mata

Gastão Cruz
In As Leis do Caos

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