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13.9.04

Alguns poemas de Tolentino 


Os versos

Os versos assemelham-se a um corpo
quando cai
ao tentar de escuridão a escuridão
a sua sorte

nenhum poder ordena
em papel de prata essa dança inquieta

Da verdade do amor

Da verdade do amor se meditam
relatos de viagens confissões
e sempre excede a vida
esse segredo que tanto desdém
guarda de ser dito

pouco importa em quantas derrotas
te lançou
as dores os naufrágios escondidos
com eles aprendeste a navegação
dos oceanos gelados

não se deve explicar demasiado cedo
atrás das coisas
o seu brilho cresce
sem rumor

O Dia de Ontem

Não gostava de comparações
tudo lhe parecia outra coisa
a realidade do mundo
as neblinas pelos atalhos
essas palavras que nos gelam

No fundo só a repetição lhe fazia pavor
ao resto dedicava
uma piedade insolúvel
fossem hesitações, malogros
coisas que tanto se temem

mas se perdia a coragem
era um náufrago no limite das forças
com a cara presa na água
boiava horas e horas
até o irem buscar

José Tolentino Mendonça


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