24.8.04
Uma voz por parte IV - Weimar
Bach não permaneceu muito tempo em Mühlhausen. A cidade sofeu um incêndio devastador em 1707 e ficou arruinada. Bach teria dificuldade em sustentar a sua nova família nesta cidade. A sua fama como excelente organista era já elevada aos 23 anos. Toda a Turíngia, e mesmo a Saxónia, conhecia a fama de Johann Sebastian.
Não espanta a mudança, em 1708, para Weimar, cidade ducal a cerca de sessenta quilómetros da anterior posição. Um estado minúsculo, uma cidade de província, só muito mais tarde Goethe fez de Weimar a capital das letras da Alemanha. Bach não era estranho a Weimar, já em 1703 tinha passado pela orquestra ducal como violinista.
Em 1708 Bach é nomeado organista na corte do duque Wilhelm Ernst.
Em 1714 é nomeado Konzertmeister, ou seja uma espécie de director de orquestra que dirigia a partir do violino. Bach sabia tocar violino, alaúde, os diversos teclados: orgão, cravo..., violoncelo, viola, viola pomposa (este instrumento seria de sua invenção? há controvérsia sobre o assunto), provavelmente alguns sopros e tinha uma "belíssima voz de baixo, sonora e muito extensa". O ordenado de Bach era muito bom em Weimar, começou por 150 florins e foi aumentado sucessivamente, em 1714 estava em 250. Depois atingiu a mesma importância que o ordenado do Mestre de Capela, ou Kapellmeister.
Bach e sua prima Maria tiveram seis filhos em Weimar.
A partir de 1714 Bach fica obrigado, com o novo cargo, a compor uma cantata por mês. O que cumpre, produzindo obras notáveis, as suas primerias cantatas com recitativos e árias à italiana são desta altura.
A orquestra ducal seria constituída por 17 a vinte músicos. Infelizmente não se conhecem os registos do efectivo coral presente no castelo ducal. Mas as cantatas BWV 61 e BWV 147 (uma das mais célebres) compostas em Weimar, contêm coros polifónicos extremamente complexos e, particularmente a 147, instrumentações pesadas. Repare-se que o coral que encerra cada uma das partes da 147 só foi acrescentado alguns anos depois em Leipzig (junto com alguns recitativos) mas as partes restantes exibem uma complexidade de escrita muito elevada, difícil de realizar por miúdos a solo contra uma orquestra de 18 elementos.
As razões que negam a teoria de uma voz por parte em Weimar não se ficam por princípios musicais. O duque era um homem muito cioso do prestígio da sua capela, nunca poupando dinheiro para manter os melhores músicos e pagando-lhes muito bem. Bach viu o ordenado muito elevado quando ameaçou partir. Será difícil imaginar que um homem como Wilhelm Ernst tivesse ao serviço do seu Castelo apenas quatro rapazolas para fazer as partes corais das cantatas de Bach ou de outro compositor qualquer.
Claro que Bach escreveu sobretudo música orquestral para a câmara do Duque. Claro que Bach escreveu cantatas apenas para solistas à maneira italiana, sem coro. Mas as obras que escreve para o coro são mesmo para coro.
O argumento final é o mais simples, Bach abandonou a tradição do Concerto Espiritual alemão quando despiu a linguagem da cantata BWV 106, Actus Tragicus, e adoptou a linguagem do recitativo e ária dos textos Neumeister (1671-1756) pastor em Hamburgo.
Fez a fusão tão tipicamente alemã do coral luterano, harmonizado, com o estilo recitativo/ária. Porquê permanecer fiel ao estilo concerto espiritual com poucas vozes? À moda de Schütz, por exemplo, quando os pequenos efectivos foram usados apenas devido às carências da, entretanto ultrapassada, guerra dos trinta anos. Recordo que os efectivos usados por Schütz antes de 1617 eram enormes, a Saxónia tinha dinheiro para gastar em música, depois de 1618 o dinheiro ia para a guerra e não para os cantores e músicos. Schütz só vem a receber a sua parte dos salários em atraso quando tinha mais de setenta anos e já deveria ter morrido, de acordo com as estatísticas da época!
Obras de Bach em Weimar:
Cantatas de 1715: BWV 132, 152, 155, 80a, 31, 165, 185, 161, 162, 163 (S. Franck).
BWV 182, 12, 172, 21 (provavelmente S. Franck).
BWV 70a, 186a, 147a (S. Franck).
BWV 61, 18 (E. Neumeister).
BWV 54, 199 (G. C. Lehms).
BWV 63 (J. M. Heineccius??)
Bach escreveu mais de trinta cantatas em Weimar, mas sobrevivem as 22 acima mencionadas, algumas delas apenas deduzidas de partituras de Leipzig, caso da BWV 147a.
O orgão foi o instrumento rei de Bach em Weimar: Orgel-Büchlein, quase todos os prelúdios corais que introduziam ao orgão o coral cantado na igreja, quase todos os prelúdios e fugas. O Wohltemperierte Clavier I, o primeiro caderno do cravo bem temperado foi escrito em Weimar mas polido posteriormente diversas vezes.
Nota - A numeração do catálogo das obras de Bach não é cronológica. É organizada por tipos de composição.
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