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25.8.04

Petrarca 


Petrarca nasceu há 700 anos (a 20 de Julho de 1304) e ainda não tínhamos assinalado a efeméride neste blogue. Mas mal estaríamos se só nos lembrássemos dos "Grandes" a propósito de efemérides. Deveríamos recordar Petrarca todos os dias. Um soneto por dia (ou uma das outras "Rimas") e ao fim de um ano teríamos percorrido todo Il Canzoniere. Sobraria um poema no caso de o ano não ser bissexto como aconteceu com 1348, data da morte da misteriosa Laura de Noves, a quem o Poeta devotou toda a sua arte. Num dos próximos posts falaremos de Petrarca e a música, ou melhor, de música inspirada pela poesia de Petrarca.


Soneto nº 134

Nem tenho paz nem como fazer guerra,
espero e temo e a arder gelo me faço,
voo acima do céu e jazo em terra,
e nada agarro e todo o mundo abraço.

Tem-me em prisão quem ma não abre ou cerra,
nem por seu me retém nem solta o laço,
e não me mata Amor, nem me desferra,
nem me quer vivo ou fora de embaraço.

Vejo sem olhos, sem ter língua grito,
anseio por morrer, peço socorro,
amo outrem e a mim tenho um ódio atroz,

nutro-me em dor, rio a chorar aflito,
despraz-me por igual se vivo ou morro.
Neste estado, Senhora, estou por vós.

Francesco Petrarca
(tradução de Vasco Graça Moura)



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