12.8.04
Défice pode acelerar crescimento
A Irlanda em 1987 tinha uma dívida pública de 125% do PIB, em 1997 estava em 66% do PIB, sempre com défice, sempre a cortar nos impostos, a aposta foi toda no crescimento económico. Hoje tem dívida pública entre 32% e 34% do PIB segundo as diversas estimativas.
A despesa corrente era de 47% do PIB em 1981, em 1997 passou a ser de 36,5%, diminuiu o peso do Estado na economia, mas o Estado nunca deixou de crescer em termos absolutos.
A receita era de 42,7% do PIB em 1981, sobe para 49,6% em 1983. O Estado Irlandês decide assumir o risco de manter um défice elevadíssimo de 1984 a 1987 para poder baixar os impostos e não deixar crescer a despesa mais do que a inflação (ou pouco acima), por consequência a dívida pública sobe a uns astronómicos 125% do PIB em 1987, ano de viragem em que sucessivos défices elevadíssismo (7% nas correntes 12% no total) começam a ser reduzídos mercê do crescimento que anos de descida de impostos estimulou. Repare-se que de 1984 para 1985 a carga fiscal era reduzida em 3.1% valor astronómico se pensarmos nos montantes da dívida pública da Irlanda e do défice de então. Em 1985 pela primeira vez na história irlandesa as exportações superaram claramente as importações e nunca mais deixou de ser assim. O desemprego desce dos 16% de 1988 para os 4,4% de hoje.
A redução da dívida pública irlandesa não gerou nenhuma crise de excesso de dinheiro em circulação, nos anos de maior crescimento dos anos oitenta a inflação foi baixa, desceu-se dos 20,4% de 1981 para os 1.5% de 1997, primeiro ano de superavit. Hoje em dia a inflação irlandesa está pelos 4.4% valor elevado gerado pela aceleração do consumo e pela redução do desemprego. Prefiro inflação ao desemprego, pelo que sou completamente anti-liberal nesta questão. O desemprego foi reduzido de ano para ano com dezenas de milhares de empregos criados todos os anos. O crescimento andou pelos 4.4 4.5 6.2 7.1 nos anos antes de 1990. Atingiu o valor galáctico de 11.3 e 10.1 em 2000 e 2001 quando se colheram os frutos máximos em termos de uma política de défice sustentado e usado para conseguir uma baixa de impostos muito sensível. Outro factor de grande efeito nesta política foi a qualidade dos serviços do Estado que subiu, bem como a simplificação administrativa que reduziu custos ao Estado e facilitou o desenvolvimento das empresas. Visitei a Irlanda em 1993 e o país respirava confiança no seu crescimento, hoje respira orgulho.
A partir do ponto de viragem de 1987 em que a dívida pública irlandesa atingiu o recorde absoluto face ao PIB, continuaram anos de défice das despesas correntes e baixas de impostos até o ano citado 1997 em que as despesas deixaram de superar as receitas. Os impostos nunca deixaram de baixar em valor percentual face ao PIB. A receita do Estado irlandês é hoje de uns escassos 37.5% do PIB.
Houve défice, houve crescimento da dívida pública, o Estado emagreceu, os impostos baixaram, a dívida foi controlada, o país cresceu, as gerações futuras terão um país melhor.
O erro não é ter défice, o erro é ter desperdício nas despesas correntes.
E assim se desmontou argumentação errada de João Miranda, que se remeteu a um silêncio total sobre este assunto uma vez que a discussão ficou arrumada com a parte teórica dos posts anteriores e o caso prático da Irlanda, sem palavras não é amigo Miranda?
Sobre o JCD eu já tinha percebido a falta de paciência para defender uma posição em que se percebe muito depressa que não se tinha razão, realmente é ingrato defender o indefensável. Eu também não teria paciência para defender um dogma de vontade contra a evidência da realidade.
Tal como nesta questão os liberais em geral usam ideias aristotélicas, dogmas, posições políticas mascaradas de argumentos económicos e convicções e opiniões a que chamam ciência. Lemos isso no Blasfémias, também observamos este tipo de pseudo argumentação na A Causa Liberal. Mas errare humanun est.
Henrique Silveira
A despesa corrente era de 47% do PIB em 1981, em 1997 passou a ser de 36,5%, diminuiu o peso do Estado na economia, mas o Estado nunca deixou de crescer em termos absolutos.
A receita era de 42,7% do PIB em 1981, sobe para 49,6% em 1983. O Estado Irlandês decide assumir o risco de manter um défice elevadíssimo de 1984 a 1987 para poder baixar os impostos e não deixar crescer a despesa mais do que a inflação (ou pouco acima), por consequência a dívida pública sobe a uns astronómicos 125% do PIB em 1987, ano de viragem em que sucessivos défices elevadíssismo (7% nas correntes 12% no total) começam a ser reduzídos mercê do crescimento que anos de descida de impostos estimulou. Repare-se que de 1984 para 1985 a carga fiscal era reduzida em 3.1% valor astronómico se pensarmos nos montantes da dívida pública da Irlanda e do défice de então. Em 1985 pela primeira vez na história irlandesa as exportações superaram claramente as importações e nunca mais deixou de ser assim. O desemprego desce dos 16% de 1988 para os 4,4% de hoje.
A redução da dívida pública irlandesa não gerou nenhuma crise de excesso de dinheiro em circulação, nos anos de maior crescimento dos anos oitenta a inflação foi baixa, desceu-se dos 20,4% de 1981 para os 1.5% de 1997, primeiro ano de superavit. Hoje em dia a inflação irlandesa está pelos 4.4% valor elevado gerado pela aceleração do consumo e pela redução do desemprego. Prefiro inflação ao desemprego, pelo que sou completamente anti-liberal nesta questão. O desemprego foi reduzido de ano para ano com dezenas de milhares de empregos criados todos os anos. O crescimento andou pelos 4.4 4.5 6.2 7.1 nos anos antes de 1990. Atingiu o valor galáctico de 11.3 e 10.1 em 2000 e 2001 quando se colheram os frutos máximos em termos de uma política de défice sustentado e usado para conseguir uma baixa de impostos muito sensível. Outro factor de grande efeito nesta política foi a qualidade dos serviços do Estado que subiu, bem como a simplificação administrativa que reduziu custos ao Estado e facilitou o desenvolvimento das empresas. Visitei a Irlanda em 1993 e o país respirava confiança no seu crescimento, hoje respira orgulho.
A partir do ponto de viragem de 1987 em que a dívida pública irlandesa atingiu o recorde absoluto face ao PIB, continuaram anos de défice das despesas correntes e baixas de impostos até o ano citado 1997 em que as despesas deixaram de superar as receitas. Os impostos nunca deixaram de baixar em valor percentual face ao PIB. A receita do Estado irlandês é hoje de uns escassos 37.5% do PIB.
Houve défice, houve crescimento da dívida pública, o Estado emagreceu, os impostos baixaram, a dívida foi controlada, o país cresceu, as gerações futuras terão um país melhor.
O erro não é ter défice, o erro é ter desperdício nas despesas correntes.
E assim se desmontou argumentação errada de João Miranda, que se remeteu a um silêncio total sobre este assunto uma vez que a discussão ficou arrumada com a parte teórica dos posts anteriores e o caso prático da Irlanda, sem palavras não é amigo Miranda?
Sobre o JCD eu já tinha percebido a falta de paciência para defender uma posição em que se percebe muito depressa que não se tinha razão, realmente é ingrato defender o indefensável. Eu também não teria paciência para defender um dogma de vontade contra a evidência da realidade.
Tal como nesta questão os liberais em geral usam ideias aristotélicas, dogmas, posições políticas mascaradas de argumentos económicos e convicções e opiniões a que chamam ciência. Lemos isso no Blasfémias, também observamos este tipo de pseudo argumentação na A Causa Liberal. Mas errare humanun est.
Henrique Silveira
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