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8.8.04

As insónias do João Miranda 

Leio um post das 4:06 da manhã de João Miranda. Volto a ver piadolas de mau gosto misturadas com alguns argumentos e muita ignorância.

Factos globais que se aplicam à terra, são observações.

O ser humano apropria-se da energia que a terra recebe para a transformar em riqueza. Transforma matérias primas em riqueza. Também aprende e inova. Recebe energia de boa qualidade? Sim, claro, já o tinha dito antes. Dissipa energia de má qualidade. O balanço chama-se nega-entropia, ou informação, ou riqueza que é a mesma coisa. A terra perde energia, perde matérias primas, fica mais pobre, claro que sim. O homem apropria-se e dissipa, mas guarda algo para si e chama a esse algo riqueza. A terra não é um sistema fechado em termos económicos. Nem em termos físicos. Nunca falei da Terra como sistema que recebe mais energia do que emite, a minha formação básica em física, que um doutoramento em matemática não fez esquecer, impedir-me-ia de dizer uma asneira dessas, o que disse, e que explico melhor é: o ser humano apropria-se da energia de boa qualidade que cá entra. A terra perde sempre em termos de qualidade energética e em termos de matérias primas. A entropia aumenta sempre em sistemas fechados mas na terra também aumenta sempre, mesmo que se trate de um sistema aberto, o que é outra asneira de Miranda. É um facto conhecido, basta ver a poluição que se acumula na terra, basta ver a produção acompanhada com a produção colossal de resíduos que ficam retidos na terra.

Não existem dois défices, um solar e um económico, existe um: o défice dos orçamentos de estado que se discutia. A energia solar entra nos impostos quer o Miranda queira fazer ou não chacota com isso, basta pensar numa indústria com uma das maiores produtividades a nível mundial! A produção de energia eléctrica em barragens, pense-se nos impostos que a energia dá ao Estados. Directamente através das moléculas de água que o Sol evaporou, que cairam sob a forma de chuva e que foram engrossar os caudais dos rios. Dirá Miranda com o seu habitual simplismo: "A água nas barragens não aumenta de ano para ano! O Sol é sempre o mesmo! ah ah ah, logo não há crescimento a partir da energia solar!". Sim, o Sol é o mesmo, mas há cada ano que passa mais barragens, mais geradores eólicos, mais aproveitamentos de matérias primas, maior produção de vegetais, cereais, animais. Mais consumo energético, maior produção com maior consumo de matérias primas. Crescimento demográfico, inovação, com maior riqueza a ser gerada anualmente. Tudo, rigorosamente tudo, ou seja toda a humanidade e seu crescimento, alimentada pelo Sol e pelo próprio espírito humano e pela sua inovação. Dir-me-há Miranda: "Mas se nem toda a humanidade vai à praia! Como é possível?". Eu depois explico Miranda, eu depois explico... E perdoe-se-me o tom jocoso, é que não resisti a desmontar o tipo de piadolas que constituem uma denonestidade intelectual típica de João Miranda.

A riqueza mede-se em unidades monetárias.
É impossível retirar massa monetária de circulação a não ser em situação de catástrofe global.

As unidades monetárias em circulação aumentam sempre.

Quando aumentam mais do que a riqueza dá-se inflacção. Nem o Greenspan lhe pode valer, reduzir a massa monetária em circulação seria tirar dinheiro às pessoas e às empresas. Duvido que um liberal, ou outro qualquer acredite nessa possibilidade. Mudar o nome da moeda e reduzir o seu valor nominal não é retirar massa monetária de circulação.

A taxa de lucro decresce precisamente devido ao crescimento da economia e ao crescimento do conhecimento humano. A taxa de lucro tem mais dificuldade em crescer na zona Euro do que na China, por isso há deslocalização! É mais um facto básico da vida. A taxa de exploração cresce mas o seu crescimento tem limites físicos, o conhecimento não tem. Não perceber isso, e usar esse argumento é não perceber nada e fingir que se percebeu.

Sobre Vénus: invocar um planeta onde não há seres humanos e sistema económico é a gracinha de quem quer ganhar uma discussão séria a todo o custo sem usar argumentos válidos. Para mim é a cereja no topo do bolo porque revela o verdadeiro pensamento do autor. As piadolas excitam a turba dos chicos espertos que rodeiam a trupe liberal e que são incapazes de outro tipo de raciocínios. Denotam mais uma vez a desonestidade intelectual de João Miranda. Os tais miúdos de riqueza recente, ignorantes que, apesar das gravatas, se comportam como os carroceiros dos quais descendem em linha recta. Piadolas primas do arroto e da gargalhada alvar de taberna. João Miranda já nos tinha habituado, continua sem melhoras.

Finalmente um facto indesmentível: existe crescimento económico global e real. A Humanidade cresceu desde a idade da pedra e produz mais riqueza hoje do que produzia há um milhão de anos. Logo os défices podem ser cobertos com os impostos resultantes do crescimento económico. Isto a nível global.

A nível local ainda é mais certo, se o país crescer o défice de um ano será coberto, total ou parcialmente, depende do défice, com os impostos do ano seguinte, que até dão para pagar os juros se o défice for baixo.

Simples? Vá se lá explicar isso a um liberal de cabeça dura! Mas se os leitores quiserem as equações eu também as posso dar.

Henrique Silveira

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