
19.7.04
O crítico errou!

No entanto o meu erro retira pouco ao que afirmei. Gurrelieder é uma obra de juventude, 27 anos, em que Schönberg quer provar algo e é desregradamente megalómano. Quando se inspira em literatura, o que faria a vida inteira, e compõe de forma livre uma obra de um cromatismo exuberante, atinge um patamar sublime da arte musical: A Noite Tranfigurada op. 4 para sexteto de cordas. Sexteto inspirado musicalmente em termos de pathos e visão harmónica em Wagner. No melhor que Wagner deixou: a sensibilidade, o cromatismo, a inteligência musical e harmónica tão audíveis em Tristan. Claro que há um ponto que as palavras não conseguem explicar: o absoluto

Finalmente, e como dizia anteriormente, a teorização posterior dos formalisms composicionais, com o anúncio de 1922 da descoberta que iria "colocar a música alemã na vanguarda musical por cem anos": a série e o dodecafonismo, levou a uma esterilização que a década de 1910 não fazia supor. Schönberg é eterno, em meu entender, pelo que fez nos anos de atonalidade pura. O medo da anarquia, a procura da ordem, o fugir do caos, o terror de não conseguir encontrar uma análise coerente numa partitura, o medo de ser chamado ignorante em termos teóricos, acabou por espartilhar a sua música.
Curioso que ninguém tenha reparado na grossa asneira que fiz ao situar os Guerrelieder antes da Verklärte Nacht e que detectei por mim próprio. Onde se prova mais uma vez que pequenos erros e minudências, como um acento fora do lugar, suscitam enormes comentários em alguns que se pretendem passar por versados na arte musical, mas erros de palmatória como o que eu cometi passam bem despercebidos numa comunidade cheia de pretensões mas com pouca profundidade. Se eu tivesse falado das fífias de uma flauta da sinfónica e estas tivessem sido dadas pelo flautim teria recebido diversos emails de protesto! Creio que existe demasiada arrogância e pouca sapiência na classe musical portuguesa, com raras e honrosas excepções, claro! Por esse motivo e outros, este blogue continua a ter um papel importante e independente.
H. Silveira
P.S. Fotos de A. Schönberg em 1900 e 1911.
Arquivos
- 11/03
- 03/04
- 04/04
- 05/04
- 06/04
- 07/04
- 08/04
- 09/04
- 10/04
- 11/04
- 12/04
- 01/05
- 02/05
- 03/05
- 04/05
- 05/05
- 06/05
- 07/05
- 08/05
- 09/05
- 10/05
- 11/05
- 12/05
- 01/06
- 02/06
- 03/06
- 04/06
- 05/06
- 06/06
- 07/06
- 08/06
- 09/06
- 10/06
- 11/06
- 12/06
- 01/07
- 02/07
- 03/07
- 04/07
- 05/07
- 06/07
- 07/07
- 09/07
- 10/07
- 11/07
- 12/07
- 01/08
- 02/08
- 03/08
- 04/08
- 05/08
- 06/08
- 07/08
- 09/08
- 10/08
- 12/08
- 01/09
- 02/09
- 03/09
- 04/09
- 07/09
- 11/09
- 02/10
- 03/10
- 03/11
- 04/11
- 05/11
- 06/11
- 09/12
- 05/13
- 06/13
- 07/13
- 08/13
- 09/13
- 10/13
- 11/13
- 12/13
- 01/14
- 02/14
- 03/14
- 04/14
- 05/14
- 06/14
- 07/14
- 09/14
- 01/15
- 05/15
- 09/15
- 10/15
- 03/16