28.6.04
Um problema de direcção - Um artigo de política cultural
Separei a crítica do concerto de ontem da análise da direcção musical da orquestra sinfónica portuguesa como se verifica no seu modelo actual e ligada ao teatro de S. Carlos e ao respectivo coro. Tudo interligado e debaixo da mesma direcção. No próximo post falarei em concreto do concerto de ontem.
O Schumann ouvido ontem, no CCB, pela orquestra sinfónica portuguesa dirigida por Jeffrey Tate é um Schumann espúrio, um pequeno retalho sem qualquer nexo com a filosofia estética do restante concerto: a Canção da Terra de Mahler. Eu diria que aqueles dez minutos (aliás lindíssimos) da Nachtlied de Schumann se justificaram apenas para que o coro do Teatro Nacional de S. Carlos estivesse ocupado. Ou talvez para aprender algo com um maestro a sério: Jeffrey Tate. Repare-se que falta ao coro do S. Carlos um maestro de coro digno desse nome, e isto há muitos anos. Esta falha vai ser reparada: vem aí um novo maestro de coro, directamente de Génova. Parece que o anterior maestro de coro vai para assistente do maestro titular da orquestra sinfónica portuguesa. Uma promoção!
Agora a orquestra sinfónica portuguesa fica sob a direcção de um titular ausente e, geralmente, incapaz: Peskó. Este maestro titular será coadjuvado pelo novel assistente. Assistente sem formação para o cargo e que mostrou à saciedade uma total incapacidade para a direcção do Coro do Teatro durante os anos em que contribuiu para a destruição do mesmo.
Nota sobre o maestro Peskó: ainda tenho nos ouvidos uma das mais lamentáveis interpretação de todos os tempos da Noite Transfigurada de Schönberg cruelmente assassinada por Peskó, que depois arruinou completamente um segundo acto do Tristan und Isolde com entradas em falso, falta de sentido musical, incapacidade musical de leitura, falta de trabalho, falta de estudo, falta de trasparência, falta de tudo. Um desrespeito total pelo público e pela música que seria punida com despedimento com justa causa em qualquer casa de ópera dessa Europa. De Santos são inúmeras as tropelias, mas a pior será talvez, é difícil escolher, a cantata de Beethoven no S. Luiz em que já ninguém sabia onde estava o coro, e que nem o maestro sabia se aquilo tinha ou não chegado ao final! Afinal o coro andar dois ou três compassos perdido da orquestra é outra especialidade e nem sequer é das piores, ou a afinação dodecafónica em que se usam todos os tons possíveis para cantar a mesma nota em uníssono!
É assim que se promovem os novos valores em Portugal! Tinhamos sugerido aqui uma promoção, ironicamente, para um lugar onde não empatasse, tipo director de estudos musicais ou outra coisa qualquer onde ficasse a fazer o que sabe: do género tocar piano. Fomos escutados. Se o novo maestro assistente servir para andar a transportar cafés, fazer anotações nas partituras, trazer e levar casacos e chapéus aos maestros que visitam o Teatro de S. Carlos, talvez a escolha tenha sido acertada.
Mais do que essas funções a nomeação deste senhor será uma das maiores asneiras que a direcção do Teatro pode fazer. João Paulo Santos não tem sequer capacidade musical e de direcção para se fazer ouvir por uma orquestra recheada por músicos de grande qualidade e que sabem muito mais de música, em muitos casos, do que o anterior director do coro. João Paulo Santos não sabe o que é afinar um coro, João Paulo Santos faz cortes em partituras porque não consegue sequer explicar a música ou como dirigi-la ou colocar o coro a cantar como deve. Veja-se o triste exemplo do concerto com Messiaen em que compassos e compassos foram obliterados por serem demasiado "difíceis".
O problema que se põe agora é recuperar um coro com problemas de atitude, com vícios musicais, indisciplinados, com vozes perdidas. Com cantores contratados sem critério. O Coro do S. Carlos precisa de um vendaval que recupere as muitas vozes que ainda podem voltar a cantar depois destes anos todos em que não só se perdeu tempo como se andou para trás...
Depois desta dupla de maestros "titulares", Peskó e JPSantos, temos um concertino vaidoso e pouco dotado musicalmente. Se fosse só vaidoso seria desagradável, se fosse apenas pouco dotado teria a capacidade de se restringir ao que sabe sem impor as suas "ideias" aos restantes músicos, mas sendo vaidoso e incapaz torna-se destrutivo. Ontem tivemos mais um desgraçado exemplo: a entrada depois da orquestra para as palmas da vaidade bacoca, tudo bem se soubesse tocar. O solo da Canção da Terra com acentuações disparatadas, sforzandos ridículos com cacetadas do arco inconcebíveis, umas saídas do tempo não se percebe se por incapacidade musical ou por "expressividade" à revelia do maestro Tate. Um pizzicato, um dó desgarrado que serve para dar cor ao remate de uma nota dos sopros, a ser tocado em fortíssimo e antes do tempo de entrada dos restantes violinos. Sempre em fortíssimo, sempre sem nuances, sempre a forçar. O problema não é uma nota fora de tempo ou um pizzicato mal feito, todos fazemos erros, somos todos humanos. O problema é o erro ser deliberado, ser motivado pela ânsia de sobressair. O erro aqui é um barómetro da incapacidade artística do autor. Não é um erro por descuido ou azar, ou uma falha casual. O erro quando motivado pela arrogância da vaidade mesclada com ignorância deve ser fortemente criticado e penalizado.
Pensar que a OSP terá à frente estes três senhores, um maestro acabado, um assistente incompetente e um concertino vaidoso mas oco, é uma desgraça assim tão grande?
Talvez não, repare-se que o titular Peskó nunca está em Lisboa, João Paulo Santos não tem qualquer hipótese de dominar uma orquestra que tocará apesar da sua direcção e que se estará nas tintas para o que fizer ou disser. Finalmente o concertino Devries só toca de vez em quando. Neste último caso os violinos têm de tocar apesar das gésticas escusadas e dos dislates musicais. Devem importar-se sobretudo com o seu papel e com os bons maestros que nos visitam.
Só assim se justifica que o concerto de ontem tenha sido muito bom.
O Schumann ouvido ontem, no CCB, pela orquestra sinfónica portuguesa dirigida por Jeffrey Tate é um Schumann espúrio, um pequeno retalho sem qualquer nexo com a filosofia estética do restante concerto: a Canção da Terra de Mahler. Eu diria que aqueles dez minutos (aliás lindíssimos) da Nachtlied de Schumann se justificaram apenas para que o coro do Teatro Nacional de S. Carlos estivesse ocupado. Ou talvez para aprender algo com um maestro a sério: Jeffrey Tate. Repare-se que falta ao coro do S. Carlos um maestro de coro digno desse nome, e isto há muitos anos. Esta falha vai ser reparada: vem aí um novo maestro de coro, directamente de Génova. Parece que o anterior maestro de coro vai para assistente do maestro titular da orquestra sinfónica portuguesa. Uma promoção!
Agora a orquestra sinfónica portuguesa fica sob a direcção de um titular ausente e, geralmente, incapaz: Peskó. Este maestro titular será coadjuvado pelo novel assistente. Assistente sem formação para o cargo e que mostrou à saciedade uma total incapacidade para a direcção do Coro do Teatro durante os anos em que contribuiu para a destruição do mesmo.
Nota sobre o maestro Peskó: ainda tenho nos ouvidos uma das mais lamentáveis interpretação de todos os tempos da Noite Transfigurada de Schönberg cruelmente assassinada por Peskó, que depois arruinou completamente um segundo acto do Tristan und Isolde com entradas em falso, falta de sentido musical, incapacidade musical de leitura, falta de trabalho, falta de estudo, falta de trasparência, falta de tudo. Um desrespeito total pelo público e pela música que seria punida com despedimento com justa causa em qualquer casa de ópera dessa Europa. De Santos são inúmeras as tropelias, mas a pior será talvez, é difícil escolher, a cantata de Beethoven no S. Luiz em que já ninguém sabia onde estava o coro, e que nem o maestro sabia se aquilo tinha ou não chegado ao final! Afinal o coro andar dois ou três compassos perdido da orquestra é outra especialidade e nem sequer é das piores, ou a afinação dodecafónica em que se usam todos os tons possíveis para cantar a mesma nota em uníssono!
É assim que se promovem os novos valores em Portugal! Tinhamos sugerido aqui uma promoção, ironicamente, para um lugar onde não empatasse, tipo director de estudos musicais ou outra coisa qualquer onde ficasse a fazer o que sabe: do género tocar piano. Fomos escutados. Se o novo maestro assistente servir para andar a transportar cafés, fazer anotações nas partituras, trazer e levar casacos e chapéus aos maestros que visitam o Teatro de S. Carlos, talvez a escolha tenha sido acertada.
Mais do que essas funções a nomeação deste senhor será uma das maiores asneiras que a direcção do Teatro pode fazer. João Paulo Santos não tem sequer capacidade musical e de direcção para se fazer ouvir por uma orquestra recheada por músicos de grande qualidade e que sabem muito mais de música, em muitos casos, do que o anterior director do coro. João Paulo Santos não sabe o que é afinar um coro, João Paulo Santos faz cortes em partituras porque não consegue sequer explicar a música ou como dirigi-la ou colocar o coro a cantar como deve. Veja-se o triste exemplo do concerto com Messiaen em que compassos e compassos foram obliterados por serem demasiado "difíceis".
O problema que se põe agora é recuperar um coro com problemas de atitude, com vícios musicais, indisciplinados, com vozes perdidas. Com cantores contratados sem critério. O Coro do S. Carlos precisa de um vendaval que recupere as muitas vozes que ainda podem voltar a cantar depois destes anos todos em que não só se perdeu tempo como se andou para trás...
Depois desta dupla de maestros "titulares", Peskó e JPSantos, temos um concertino vaidoso e pouco dotado musicalmente. Se fosse só vaidoso seria desagradável, se fosse apenas pouco dotado teria a capacidade de se restringir ao que sabe sem impor as suas "ideias" aos restantes músicos, mas sendo vaidoso e incapaz torna-se destrutivo. Ontem tivemos mais um desgraçado exemplo: a entrada depois da orquestra para as palmas da vaidade bacoca, tudo bem se soubesse tocar. O solo da Canção da Terra com acentuações disparatadas, sforzandos ridículos com cacetadas do arco inconcebíveis, umas saídas do tempo não se percebe se por incapacidade musical ou por "expressividade" à revelia do maestro Tate. Um pizzicato, um dó desgarrado que serve para dar cor ao remate de uma nota dos sopros, a ser tocado em fortíssimo e antes do tempo de entrada dos restantes violinos. Sempre em fortíssimo, sempre sem nuances, sempre a forçar. O problema não é uma nota fora de tempo ou um pizzicato mal feito, todos fazemos erros, somos todos humanos. O problema é o erro ser deliberado, ser motivado pela ânsia de sobressair. O erro aqui é um barómetro da incapacidade artística do autor. Não é um erro por descuido ou azar, ou uma falha casual. O erro quando motivado pela arrogância da vaidade mesclada com ignorância deve ser fortemente criticado e penalizado.
Pensar que a OSP terá à frente estes três senhores, um maestro acabado, um assistente incompetente e um concertino vaidoso mas oco, é uma desgraça assim tão grande?
Talvez não, repare-se que o titular Peskó nunca está em Lisboa, João Paulo Santos não tem qualquer hipótese de dominar uma orquestra que tocará apesar da sua direcção e que se estará nas tintas para o que fizer ou disser. Finalmente o concertino Devries só toca de vez em quando. Neste último caso os violinos têm de tocar apesar das gésticas escusadas e dos dislates musicais. Devem importar-se sobretudo com o seu papel e com os bons maestros que nos visitam.
Só assim se justifica que o concerto de ontem tenha sido muito bom.
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