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6.5.04

Crítica à crítica 

Leio estupefacto no último Expresso a propósito de um concerto com Kniazev, Makhtin e Berezovsky:

Kniazev lado a lado com Makhtin e Berezovsky no Trio, Op. 49, de Mendelssohn, proporcionaram um momento de rara magia.


Há várias leituras para esta única frase que caracteriza um concerto, creio que a mais acertada interpretação da mesma é a seguinte:

Quem escreve, Teresa Castanheira, detesta Mendelssohn e teve o prazer mágico, raro aliás, de ver três músicos, dois reputados de excelentes e um violinista fracote (independemente dos pergaminhos que lhe apontam) a arrasar completamente o Trio de Mendelssohn. Sim, um prazer mágico para quem detesta música de câmara e de Mendelssohn. Pouco mais a dizer.

Explico: ninguém percebe, com Kniazev a tocar, onde está a linha melódica e qual o acompanhamento. Cheguei a recear, no segundo andamento, que o pizzicato violentíssimo do violoncelista arrancasse as cordas do violoncelo. O instrumento deve ser um modelo extra-reforçado para aguentar os tormentos que o "massa bruta" e não a "força bruta da natureza", como é chamado carinhosamente na peça jornalística, aplica ao pobre e desgraçado violoncelo. Tudo em fortíssimo, tudo a tapar os outros instrumentos, sem nexo, sem visão da música, sem perceber o que é música de câmara, um concerto que foi, para mim, a pior experiência desta Festa da Música e onde tive de sair antes de terminar, para não ter de apupar no final...
Uma crítica sem qualquer noção de como se deve tocar Mendelssohn?
Sem gosto nem entendimento pela música de câmara?
Fascínio pelo violoncelista? Já que como solista à frente de uma orquestra é algo melhor.
Terá a crítica sido ofuscada pelos nomes e ter-se-á esquecido a objectividade da audição da música pura?
De qualquer modo: sem sentido crítico.

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