29.4.04
Um concerto contraditório no Coliseu - Orquestra do Festival de Budapeste
O concerto das Grandes orquestras mundial no Coliseu dos Recreios, anteontem, foi contraditório.
Uma sinfonia nº 4 de Schubert, uma interpretação correcta mas com pouco valor acrescentado em que a orquestra pareceu pouco entregue à música e com demasiada procupação no som e pouco na interpretação coesa da obra. Pareceu-me um interpretação desgarrada, com os naipes a tocar cada um para o seu lado e ritmicamente pouco conexa, o minuete foi muito mauzinho. A sonoridade pareceu-me o melhor, sobretudo nas madeiras (2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes e 2 fagotes) colocadas junto do estrado de regência onde se colocam geralmente as primeiras estantes de violinos, violas e violoncelos. O próprio maestro Fisher não me pareceu muito concentrado.
A sinfonia nº 9 de Mahler valeu pelas atmosferas sonoras criadas pelos sopros, pelo som em termos dinâmicos, não me convenceu nos solos individuais, notei graves falhas no contrafagote, completamente "à rasca" no solo a descoberto do último andamento, perdoem-me a expressão pouco própria que diz tudo de forma sucinta! As trompas, muito boas em conjunto, colapsaram nos solos, o terceiro trompa falhou redondamente logo no início em que teve de disfarçar notas trocadas e a primeira trompa também arruinou completamente o último andamento, onde a menor quebra destrói a magia etérea deste momento sublime da criação mahleriana. Perfeito esteve o clarinete em mib e os trompetes. O flautim desafinou largamente quando na oitava acima dos primeiros violinos. As harpas demasiado longe uma da outra não estiveram bem em acerto de entradas. Aliás, as entradas em muitos casos não foram claras e precisas, isto em Mahler e em Schubert.
A concepção de Fisher, foi pouco turbulenta, pouco arrebatada, demasiado plástica, a beleza dos pianíssimos, só por si, não faz uma interpretação, o prazer estético de ouvir os pianíssimos das cordas, aliás pouco coesas no resto, em tutti misturados com os ruídos inacreditáveis de uma sala imprópria para a música como o Coliseu foi compensação muito pequena para a falta de coesão, de pathos, de densidade nas cordas.
Não é por ser uma orquestra estrangeira, e de Budapeste, que torna o concerto numa experiência inolvidável, é preciso mais.
Não foi certamente um dos melhores concertos do ciclo das orquestras mundiais. Diria que 15 valores numa apreciação global é mais que suficiente.
P.S. Curiosamente já tenho ouvido as cordas da OSP, quando dirigidas por Tate, por exemplo, e sem o fraco concertino titular, a tocar com mais pathos e maior coesão que as desta orquestra. Sei que parece um sacrilégio dizer isto, mas é a minha convicção profunda em termos do que ouvi. Estarei a ficar surdo?
Uma sinfonia nº 4 de Schubert, uma interpretação correcta mas com pouco valor acrescentado em que a orquestra pareceu pouco entregue à música e com demasiada procupação no som e pouco na interpretação coesa da obra. Pareceu-me um interpretação desgarrada, com os naipes a tocar cada um para o seu lado e ritmicamente pouco conexa, o minuete foi muito mauzinho. A sonoridade pareceu-me o melhor, sobretudo nas madeiras (2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes e 2 fagotes) colocadas junto do estrado de regência onde se colocam geralmente as primeiras estantes de violinos, violas e violoncelos. O próprio maestro Fisher não me pareceu muito concentrado.
A sinfonia nº 9 de Mahler valeu pelas atmosferas sonoras criadas pelos sopros, pelo som em termos dinâmicos, não me convenceu nos solos individuais, notei graves falhas no contrafagote, completamente "à rasca" no solo a descoberto do último andamento, perdoem-me a expressão pouco própria que diz tudo de forma sucinta! As trompas, muito boas em conjunto, colapsaram nos solos, o terceiro trompa falhou redondamente logo no início em que teve de disfarçar notas trocadas e a primeira trompa também arruinou completamente o último andamento, onde a menor quebra destrói a magia etérea deste momento sublime da criação mahleriana. Perfeito esteve o clarinete em mib e os trompetes. O flautim desafinou largamente quando na oitava acima dos primeiros violinos. As harpas demasiado longe uma da outra não estiveram bem em acerto de entradas. Aliás, as entradas em muitos casos não foram claras e precisas, isto em Mahler e em Schubert.
A concepção de Fisher, foi pouco turbulenta, pouco arrebatada, demasiado plástica, a beleza dos pianíssimos, só por si, não faz uma interpretação, o prazer estético de ouvir os pianíssimos das cordas, aliás pouco coesas no resto, em tutti misturados com os ruídos inacreditáveis de uma sala imprópria para a música como o Coliseu foi compensação muito pequena para a falta de coesão, de pathos, de densidade nas cordas.
Não é por ser uma orquestra estrangeira, e de Budapeste, que torna o concerto numa experiência inolvidável, é preciso mais.
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P.S. Curiosamente já tenho ouvido as cordas da OSP, quando dirigidas por Tate, por exemplo, e sem o fraco concertino titular, a tocar com mais pathos e maior coesão que as desta orquestra. Sei que parece um sacrilégio dizer isto, mas é a minha convicção profunda em termos do que ouvi. Estarei a ficar surdo?
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