26.4.04
Maratona da Música
"Though he has to earn a living,
Man dwells poetically on this earth."
Friedrich Hölderlin
Um horário para cumprir, num máximo possível de 7 a 8 concertos por dia, a começar às 11h00 e a terminar às 24h, com os ouvidos cansados e suplicando silêncio. Resmas de gente, paradas em bichas ou em frenesim pelos corredores. Avós, pais, filhos pelos braços ou ao colo. Concertos lotados, salas à cunha, oportunidade, no ano, dos contribuintes usufruirem das belíssimas salas do CCB e evocarem, de raspão, também os escritores românticos: Holderlin, Hoffmann, Novalis, Richter, Heine. Pontualidade q.b.(atrasos registados, explicados pelos “encore”). Público a aplaudir tudo, o melhor e o menos bom, com o mesmo fervor, não raras vezes de pé e a deixar escapar tosse e toques de telemóvel, apesar dos pré-avisos, infelizmente só nas salas Heine e Hoffman. Coleccionadores, papa-concertos, mais concentrados no desdobrável e na tarefa de o cumprir do que no gozo da música. Pianistas a largar “extra”, simpatia e autógrafos, organizadores em barda, simpáticos e úteis, a cortar bilhetes, a distribuir o programa da sala e a fingir que procuram uma bomba nas malas à entrada. Comida do self-service, má “as usual”, mas com papéis de tabuleiro alusivos à festa. Caras públicas, caras conhecidas, inflação de críticos musicais de jornais e revistas, peças famosas (concerto para piano nºs 1 e 2 de Chopin, a sinfonia italiana de Mendelssohn-Bartholdy, a kreisleriana de Schumann) peças quase desconhecidas (concertos de Clara Schumann) e outras conhecidas mas pouco interpretadas (Paulus e Elias, oratórias de Mendelssohn). Intervalos para novas bichas: café, w.c., Valentim de Carvalho, social, actualização de tricas e maledicência.
O melhor tem que ser dito: o Rias Kammerchor e ao piano: Boris Berezovsky, Bavouzet, Philippe Guisiano e uma senhora: Anne Queffélec, maratonistas que já cá por cá andavam em anos passados, à excepção de Bavouzet. Nos nacionais, fico-me por Jorge Moyano (embora sem ter visto tudo). Notas: um autógrafo de Boris Berezovsky, de ar façanhudo, um bacalhau a Jean Bavouzet que sem pretensões declara “nous sommes tous amateurs”, uma frase apanhada no ar entre A. Seabra e José Vieira Mendes com certeza na sequência das afirmações que o primeiro fez de favorecimento da organização às respectivas etiquetas (Harmonia Mundi e Mirare): “Não estou muito bem visto”.
E para o ano Beethoven!
Sugestões: Galeria em pé: porque não pôr lá umas cadeirinhas (género bar)? Guarda pessoal dos objectos nos cacifos existentes à entrada para não andarem as pessoas com os sacos de lá para cá e a vasculharem o seu conteúdo durante os concertos ( Em Oslo, cada bilhete já tem o número do cacifo).
Mais panfletos que esgotaram em alguns concertos.
Clara
Man dwells poetically on this earth."
Friedrich Hölderlin
Um horário para cumprir, num máximo possível de 7 a 8 concertos por dia, a começar às 11h00 e a terminar às 24h, com os ouvidos cansados e suplicando silêncio. Resmas de gente, paradas em bichas ou em frenesim pelos corredores. Avós, pais, filhos pelos braços ou ao colo. Concertos lotados, salas à cunha, oportunidade, no ano, dos contribuintes usufruirem das belíssimas salas do CCB e evocarem, de raspão, também os escritores românticos: Holderlin, Hoffmann, Novalis, Richter, Heine. Pontualidade q.b.(atrasos registados, explicados pelos “encore”). Público a aplaudir tudo, o melhor e o menos bom, com o mesmo fervor, não raras vezes de pé e a deixar escapar tosse e toques de telemóvel, apesar dos pré-avisos, infelizmente só nas salas Heine e Hoffman. Coleccionadores, papa-concertos, mais concentrados no desdobrável e na tarefa de o cumprir do que no gozo da música. Pianistas a largar “extra”, simpatia e autógrafos, organizadores em barda, simpáticos e úteis, a cortar bilhetes, a distribuir o programa da sala e a fingir que procuram uma bomba nas malas à entrada. Comida do self-service, má “as usual”, mas com papéis de tabuleiro alusivos à festa. Caras públicas, caras conhecidas, inflação de críticos musicais de jornais e revistas, peças famosas (concerto para piano nºs 1 e 2 de Chopin, a sinfonia italiana de Mendelssohn-Bartholdy, a kreisleriana de Schumann) peças quase desconhecidas (concertos de Clara Schumann) e outras conhecidas mas pouco interpretadas (Paulus e Elias, oratórias de Mendelssohn). Intervalos para novas bichas: café, w.c., Valentim de Carvalho, social, actualização de tricas e maledicência.
O melhor tem que ser dito: o Rias Kammerchor e ao piano: Boris Berezovsky, Bavouzet, Philippe Guisiano e uma senhora: Anne Queffélec, maratonistas que já cá por cá andavam em anos passados, à excepção de Bavouzet. Nos nacionais, fico-me por Jorge Moyano (embora sem ter visto tudo). Notas: um autógrafo de Boris Berezovsky, de ar façanhudo, um bacalhau a Jean Bavouzet que sem pretensões declara “nous sommes tous amateurs”, uma frase apanhada no ar entre A. Seabra e José Vieira Mendes com certeza na sequência das afirmações que o primeiro fez de favorecimento da organização às respectivas etiquetas (Harmonia Mundi e Mirare): “Não estou muito bem visto”.
E para o ano Beethoven!
Sugestões: Galeria em pé: porque não pôr lá umas cadeirinhas (género bar)? Guarda pessoal dos objectos nos cacifos existentes à entrada para não andarem as pessoas com os sacos de lá para cá e a vasculharem o seu conteúdo durante os concertos ( Em Oslo, cada bilhete já tem o número do cacifo).
Mais panfletos que esgotaram em alguns concertos.
Clara
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