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19.3.04

Vagabundos de Nós 

Subiu ontem ao palco do Teatro Maria Matos, o texto de Daniel Sampaio encenado por Luís Osório, representado por Márcia Breia e Nuno Lopes. 50 minutos de suspensão e comoção. Ponto de partida: o suicídio de um jovem. Dois monólogos em desencontro. De uma mãe, dirigindo-se ao filho que morreu. De um filho, explicando-se à mãe que ficou. Palavras que não serão escutadas. Tudo quanto é possível dizer, finalmente, dito, verbalizado. Em jorro ou em reticências, murmúrios, pausas. O difícil, o inexprimível de todas as relações pais-filhos, mulher-marido. Palavras que desvendam segredos, fixações, que dão forma à dor, que mostram o diferente e a igualdade do diferente, através das quais se procura a sanidade e a salvação. Impossível continuar homofóbico depois desta peça.

Clara Macedo Cabral

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