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31.3.04

“To create a new theory of science, you have to be mad”- Gregory Chaitin 

TSF, “Pessoal e Transmissível”, o melhor programa de entrevistas diárias às 19h00, Carlos Vaz Marques à conversa com um dos grandes matemáticos deste século, Gregory Chaitin que comparou a beleza da matemática, à beleza de uma mulher, à beleza de Lisboa “all shaped by the same forces, namely what Darwin referred to as "sexual selection" e que, deixou estas entre outras ideias polémicas (completadas pela consulta de outras entrevistas):
A matemática, antes de ser um templo de razão e de lógica e para ser boa matemática tem de ser um acto criativo, misterioso. “You have to imagine a beautiful new theory before you can verify it. And most of the beautiful theories you imagine, fail. The first step is an act of imagination. It is an act of imagination, it is a tremendously emotional thing, too. You have to throw your whole personality at the problem”.
Para fazer boa matemática é necessária uma tremenda emoção. É muito difícil. É preciso estar inspirado e ter um tremendo domínio emocional. O acto da criação é mágico. Não existe qualquer lei para fazer ciência, do mesmo modo que não existe uma lei em arte.
A matemática está mais próxima da arte do que se pensa e não atinge as certezas que se esperam. Tem limitações, um grau de irreducibilidade ou de imponderabilidade que Gregory Chaitin tem denunciado, em livros como The Limits of Mathematics e que lhe tem valido duras críticas de colegas.
A beleza ou elegância é uma palavra corrente tão importante para um matemático, como para um artista. Mais, existe um elemento de loucura na ciência tanto quanto na arte. “You see, you have to be crazy to think something at a time when there is almost no evidence for it and go off in a different direction from the rest of the scientific community. And the scientific community will usually fight you”.


Gottfried Wilhelm von Leibniz (ou Leibnitz)
1 Julho 1646, Leipzig. 14 Nov 1716, Hannover

O matemático persegue a fórmula redutora, quanto mais simples melhor, o small is beautiful. Uma ideia da simplicidade e de inteligilibilidade do universo que remonta a Platão e a Leibnitz, um filósofo que o tem inspirado particularmente, enformado decisivamente pelo seu génio como matemático: “ God has chosen the most perfect world, that is, the one wich is at the same time the simplest in hypotheses and the richest phenomena”. Mas essa equação única não existe, o homem e o mundo são infinitamente complexos e a matemática não está separada dessa realidade e está, nesse aspecto, mais próxima da biologia, da química, da psicologia. Talvez a ênfase na simplicidade reflicta mais o modo de ser e o que a mente humana procura do que a natureza do universo. Talvez essa ênfase diga mais acerca de nós do que acerca do universo. O problema é que admitir uma complexidade das leis que esteja para lá da nossa capacidade de compreensão torna todos os esforços inúteis.
A matemática não se faz só com números, porque existem naturais constrangimentos nas teorias axiomáticas, faz-se também com palavras, literatura, filosofia.
E, finalmente, a genialidade nasce da loucura, da coragem de romper com o pensamento dominante: “Wittgenstein was a lunatic. He is considered a great philosopher, right? But there are lots of lunatics who are lunatics in uninteresting ways... Let me make my point in science. To create a new theory of science, you have to be mad. You have to have for some insane reason, this unjustified belief that all the current theories are wrong and that the physical universe is completely different. Now at the time you do this, the reason you are a genius, is because you are doing this at a time when there is almost no evidence… But then maybe fifty years later, it is no longer the right madness”.
CMC

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