30.3.04
Rakhmaninov e Zemlinsky
Em excelente nível a ópera "Cavaleiro Avarento" de Rakhmaninov, ver e rever, ouvir e reouvir. Ópera em um acto, op. 24, texto de Puchkin.
Cavaleiro Avarento: Vladimir Vaneev. Albert: Vsevolod Grivnov. Duque: Arnold Kocharyan. Usurário Judeu: Guy Flechter. Criado: Aleksandr Jerebtsov. Maestro Jonathan Webb.
Sabia-se da qualidade literária de Puchkin, sabia-se da pujança da obra em termos musicais, não se sabia que a realização poderia ser tão boa, todos os elementos se reuniram esta noite para a qualidade musical de todo o conjunto.
Todos os cantores estiveram bem. O destaque vai, no entanto, para Vaneev, um baixo de recursos elevadíssimos, de uma classe imensa, um actor extraordinário, um cantor sublime. Potência, sensibilidade, timbre, capacidade interpretativa, tudo se conjugou para fazer um Barão perfeito. Notável, comovente, de ir às lágrimas. Como se um Barão Avarento pudesse comover... claro que pode, a tragédia de um homem solitário, doente. Vaneev ofusca tudo, por muito bons que fossem os outros cantores, nomeadamente os que se seguiram na Tragédia Florentina de Zemlinsky, o Barão de Vaneev é o tempo mágico que faz memória. É raro poder apreciar estes momentos de música em Portugal, ou noutro lugar qualquer da terra. Se puder não falhe as próximas récitas no S. Carlos. Vivamente recomendado. Vaneev é único. Não tem vinte valores porque nem concebo a enormidade da classificação de um mestre como Vaneev, está acima de qualquer classificação. Notável a naturalidade do génio, em que nem se nota o trabalho imenso de composição que Vaneev não pode deixar de fazer. Sem palavras.
Não consigo escrever sobre o resto, que me perdoem. Noutro dia, mais para a frente, falarei dos restantes cantores, do maestro, das encenações, da orquestra. Mas deixo em jeito de aperitivo que a récita correu bem sobre todos os aspectos excepção feita à encenação tonta da Tragédia Florentina. Nota negativa para o fosso da orquestra do TNSC, atravancado, péssimo em termos de condições de trabalho, a orquestra necessária a Zemlinsky não cabe neste fosso, daqui resultam desequilíbrios sonoros artificiais que foram corrigidos com muito mérito pelo maestro e pelos músicos que se acotovelam no espaço ridículo que o S. Carlos lhes põe à disposição.
Henrique Silveira
Cavaleiro Avarento: Vladimir Vaneev. Albert: Vsevolod Grivnov. Duque: Arnold Kocharyan. Usurário Judeu: Guy Flechter. Criado: Aleksandr Jerebtsov. Maestro Jonathan Webb.
Sabia-se da qualidade literária de Puchkin, sabia-se da pujança da obra em termos musicais, não se sabia que a realização poderia ser tão boa, todos os elementos se reuniram esta noite para a qualidade musical de todo o conjunto.
Todos os cantores estiveram bem. O destaque vai, no entanto, para Vaneev, um baixo de recursos elevadíssimos, de uma classe imensa, um actor extraordinário, um cantor sublime. Potência, sensibilidade, timbre, capacidade interpretativa, tudo se conjugou para fazer um Barão perfeito. Notável, comovente, de ir às lágrimas. Como se um Barão Avarento pudesse comover... claro que pode, a tragédia de um homem solitário, doente. Vaneev ofusca tudo, por muito bons que fossem os outros cantores, nomeadamente os que se seguiram na Tragédia Florentina de Zemlinsky, o Barão de Vaneev é o tempo mágico que faz memória. É raro poder apreciar estes momentos de música em Portugal, ou noutro lugar qualquer da terra. Se puder não falhe as próximas récitas no S. Carlos. Vivamente recomendado. Vaneev é único. Não tem vinte valores porque nem concebo a enormidade da classificação de um mestre como Vaneev, está acima de qualquer classificação. Notável a naturalidade do génio, em que nem se nota o trabalho imenso de composição que Vaneev não pode deixar de fazer. Sem palavras.
Não consigo escrever sobre o resto, que me perdoem. Noutro dia, mais para a frente, falarei dos restantes cantores, do maestro, das encenações, da orquestra. Mas deixo em jeito de aperitivo que a récita correu bem sobre todos os aspectos excepção feita à encenação tonta da Tragédia Florentina. Nota negativa para o fosso da orquestra do TNSC, atravancado, péssimo em termos de condições de trabalho, a orquestra necessária a Zemlinsky não cabe neste fosso, daqui resultam desequilíbrios sonoros artificiais que foram corrigidos com muito mérito pelo maestro e pelos músicos que se acotovelam no espaço ridículo que o S. Carlos lhes põe à disposição.
Henrique Silveira
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