16.3.04
O Islão em “ Para além da Crença” de V.S. Naipaul
Depois da tradução de algumas das obras ficcionais de Naipaul, a Dom Quixote lança-se agora na tradução dos seus livros de viagens.
Naipaul assume-se como produto de dois mundos inconciliáveis, por um lado o mundo colonial (Trinidad, onde nasce) por outro, o mundo colonizador ( Inglaterra onde estudou e actualmente vive).
Uma das dimensões da sua escrita e que tem sido mais contestada é a de encarar algumas culturas como obstáculo ao crescimento intelectual, considerar que enquanto os povos do Terceiro Mundo: indianos, africanos, paquistaneses, continuarem a pensar de acordo com as suas instituições culturais, serão inábeis para lidarem com os seus próprios problemas.
A literatura que Naipaul cultiva é a literatura de viagens que se presta por natureza ao ser isolado e desenraizado que Naipaul reconhece em si e é o género não ficcional e mais autobiográfico que lhe dá a possibilidade de escrever sobre o que é viver nas margens, sobre essa procura de uma identidade entre dois mundos sem pertencer a nenhum, já que o romance ficcional pressupunha uma centralidade a que ele não pode aspirar ao dar-se conta da sua fragilidade e falta de auto-confiança. Ele próprio o afirma: “one has ceased to be a colonial. One no longer enjoys this great security. I am aware that I am (an) insecure person”
No prólogo de “ Beyond Belief” Naipaul alerta-nos : “ O islão não é somente uma questão de consciência ou de crença privada. Faz exigências imperiosas. A visão do mundo de um convertido é diferente. Os seus lugares santos são em terras árabes, a sua língua sagrada é o árabe. A sua noção de história é diferente. Ele rejeita a sua e, quer goste quer não, torna-se parte da árabe. O convertido tem de se afastar de tudo quanto é dele. A perturbação é imensa para as sociedades e, mesmo após uns mil anos, pode continuar por resolver; este virar de costas tem de ser feito uma e outra vez. As pessoas criam fantasias sobre quem são e o que são, e, no islão dos países convertidos, existe um elemento de neurose e de niilismo. Estes países podem facilmente entrar em ebulição”.
Nada mais actual e que aqui continuarei a dissecar.
Clara Macedo Cabral
Naipaul assume-se como produto de dois mundos inconciliáveis, por um lado o mundo colonial (Trinidad, onde nasce) por outro, o mundo colonizador ( Inglaterra onde estudou e actualmente vive).
Uma das dimensões da sua escrita e que tem sido mais contestada é a de encarar algumas culturas como obstáculo ao crescimento intelectual, considerar que enquanto os povos do Terceiro Mundo: indianos, africanos, paquistaneses, continuarem a pensar de acordo com as suas instituições culturais, serão inábeis para lidarem com os seus próprios problemas.
A literatura que Naipaul cultiva é a literatura de viagens que se presta por natureza ao ser isolado e desenraizado que Naipaul reconhece em si e é o género não ficcional e mais autobiográfico que lhe dá a possibilidade de escrever sobre o que é viver nas margens, sobre essa procura de uma identidade entre dois mundos sem pertencer a nenhum, já que o romance ficcional pressupunha uma centralidade a que ele não pode aspirar ao dar-se conta da sua fragilidade e falta de auto-confiança. Ele próprio o afirma: “one has ceased to be a colonial. One no longer enjoys this great security. I am aware that I am (an) insecure person”
No prólogo de “ Beyond Belief” Naipaul alerta-nos : “ O islão não é somente uma questão de consciência ou de crença privada. Faz exigências imperiosas. A visão do mundo de um convertido é diferente. Os seus lugares santos são em terras árabes, a sua língua sagrada é o árabe. A sua noção de história é diferente. Ele rejeita a sua e, quer goste quer não, torna-se parte da árabe. O convertido tem de se afastar de tudo quanto é dele. A perturbação é imensa para as sociedades e, mesmo após uns mil anos, pode continuar por resolver; este virar de costas tem de ser feito uma e outra vez. As pessoas criam fantasias sobre quem são e o que são, e, no islão dos países convertidos, existe um elemento de neurose e de niilismo. Estes países podem facilmente entrar em ebulição”.
Nada mais actual e que aqui continuarei a dissecar.
Clara Macedo Cabral
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