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24.3.04

Angela Gheoghiu - Recital péssimo com direito a corte de orelhas e rabo 

Era o título que tinha preparado, aliás já estava anunciado, ao contrário do que é habitual deixei-me atrasar, o Público diz tudo na sua crítica, em que até explica porque razão o público da Gulbenkian se deixou rabejar, não encontro outro termo, por uma cantora abominável de uma escola que devia ter sido arrumada numa nota de rodapé dos tratados de história da música séria.

Por isso faço apenas uns breves comentários:
Se quisermos perceber porque razão a música pimba ainda tem o sucesso que tem em Portugal, afinal o "povo" é todo o mesmo, devemos ir à Gulbenkian num destes dias de Angela Gheorghiu. Esta assassinou literalmente compositores (fraquíssimos a maior parte deles como Massenet, Délibes e os romenos, nem consigo perceber porque razão Massenet ainda não foi banido de recitais, deve ser pela mesma razão porque Marco Paulo ainda canta) e músicas. Mostrou uma imagem triste de uma diva que errou a vocação e que deveria ter sido toureira. Nem sequer grandes qualidades vocais evidenciou, uns fortes bem pujantes, despropositados a maior parte deles, nas cadências finais a puxar o aplauso, mas apianandos muito fracos, irregulares, em que não conseguia sustentar as notas de forma gradual, mostrando um controlo vocal bem menor do que eu estava à espera. Não é pela berraria no final dos trechos, com consequente levantar de braços em poses mais ou menos bandarilhadoras que se vê a qualidade vocal, ouve-se, isso sim, pela qualidade dos pianos e do domínio vocal em situações delicadas. Qual domínio? Parecia um boi numa loja de porcelanas, se Massenet mercecia os bibelots partidos ao menos que as delicadas obras de Alexandro Scalatti, de Bizet ou de Verdi escapassem intactas! Mas Angela arrasou com igual alegria todos os 14(!) compositores que abordou. Que belo instrumento desperdiçado desta forma. Concerto horrendo, para esquecer, melhor teria feito se eu tivesse ido à (extinta) feira popular ou ao cinema. Volta Vengerov, estás perdoado!

Henrique Silveira

P.S. Desnecessária a crítica feita por Cristina Fernandes ao vestido da cantora, mas apropriada! O vestido da primeira parte era mais elegante, o que retirou um pouco de monotonia ao abominável passar dos minutos...

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