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29.6.14

Broadchurch 

Broadchurch serve de cenário a esta mini-série inglesa de 8 episódios. Uma pacata vila, com gentes simples. Inicialmente, esta é uma comunidade que parece unida, feliz, no entanto o homicídio de um jovem (Danny Price) irá provar que afinal nem tudo é como parece. 

À medida que a acção se vai desenrolando, apercebemo-nos que a realidade é outra completamente diferente e que afinal todos têm os seus pecadilhos.

O que mais atrai nesta série é a forma como a história é contada. A realização é competente. São incríveis as imagens captadas no final de cada episódio. A câmara vai-nos "levando", lentamente, de lar em lar, com planos certeiros adensando ainda mais a trama.

O último episódio funciona como uma espécie de redenção numa explosão de sentimentos a que é impossível ficar indiferente.

Destaque para os dois detectives interpretados pelos actores Olivia Colman e David Tennant. 

Vale a pena visitar Broadchurch.



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21.6.14

Sangue do meu Sangue 


Resolvi imergir no universo de João Canijo através do filme Sangue do meu Sangue. 

Como pano de fundo, João Canijo mostra-nos as vidas miseráveis, vividas num bairro social por aqueles, os excluídos, que não têm possibilidade de escolha, olhados de soslaio por uma sociedade viciosa e sem contemplações. Uma realidade, em nada ficcionada, sobre as dificuldades e tormentas que uma família enfrenta e, paralelamente, sobre o amor incondicional de uma mãe por uma filha. 

Um elenco surpreendente. Os actores encarnam os personagens com grande competência. 

Um olhar duríssimo sobre uma sociedade cada vez mais indiferente. Viver foi há muito relegado para segundo plano... o mais importante é sobreviver.





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15.6.14

A Gaiola Dourada 


A Gaiola Dourada foi um dos filmes mais vistos pelos portugueses em 2013, tendo sido aclamado pela crítica. Confesso a minha perplexidade perante este fenómeno!

Realizado pelo luso-descendente Ruben Alves, o filme retrata a história de dois emigrantes portugueses em França, tendo como protagonistas Rita Blanco, uma porteira e Joaquim de Almeida, um empreiteiro que vivem há muitos anos em Paris.

Fiz um esforço enorme para chegar ao fim. O argumento é medíocre. Os actores são péssimos, com excepção de Rita Blanco. Na minha opinião, o realizador revelou-se um fracasso na forma como explora alguns dos comportamentos e tiques dos portugueses.  

É suposto ser exagerado!
É suposto ser ridículo!
É suposto rirmos de nós próprios!
É suposto rirmos desta caricatura! 

Esta Gaiola Dourada não conseguiu arrancar-me um único sorriso, uma única gargalhada. 

Um filme absolutamente deprimente, pelas razões que referi, e de um amadorismo confrangedor.





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9.6.14

Norma ou o império do mau gosto 


Henrique Silveira – Crítico
Norma, ópera composta por Bellini (1801-1835) com libreto de Romani (1788-1865) em dois actos, Teatro Nacional de S. Carlos, TNSC, 4 de Junho, estreia. Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP), Coro do Teatro Nacional de S. Carlos (CSC), direcção de Speranza Scappucci, maestro de Coro: Giovanni Andreolli. Pollione: Alejandro Rey, tenor espanhol, Oroveso: Wojtek Gierlach, baixo polaco, Norma: Dimitra Theodossiou, soprano grego, Adalgisa: Patrizia Biccirè, soprano italiano, Clotilde: Cátia Moreso, meio-soprano português e Flavio: Bruno Almeida, tenor português. Versão de concerto, sala a três quartos.
Uma nota inicial: fomos a S. Carlos contrariados, não é do nosso agrado escutar ópera, nomeadamente a belíssima obra de Bellini e Romani, em versão de concerto, nem é função do TNSC ter uma temporada de ópera com três versões de concerto. Por isso vetámos as duas versões anteriores, até por serem de compositores relativamente menores. A curiosidade venceu no caso desta Norma, primeiro a música é muito boa, em segundo lugar não escutávamos o soprano grego há alguns anos. Sempre tivemos dúvidas sobre as suas qualidades e queríamos comprovar a evolução da cantora, apresentada pelo consultor artístico Pinamonti como se fosse uma espécie de grande diva mundial. É certo que uma ópera em versão de concerto nunca poderá concorrer com o verdadeiro produto teatral, nunca podendo aspirar a uma total satisfação do público. Norma constituía assim um grande risco, sendo uma obra complexa do ponto de vista musical e extremamente difícil para cantores medíocres apenas poderia resultar interessante com intérpretes superlativos.
Começamos pela direcção musical. A italiana Scarappuci é franzina mas tem gestos duros e feios, a sua postura no pódio é agreste e angulosa, tem o péssimo hábito de bater com o pé, de forma percussiva e violenta o que é tremendamente incomodativo, quer do ponto de vista estético, quer do ponto de vista da violenta pancada que se sente momentos antes de mais um acorde intenso um fortíssimo do coro ou uma entrada dos metais. Parece que Bellini não escreveu para bombo, tímpanos e… “sapatadas de maestro” quando assinalou os compassos da percussão. Acontecem assim sucessivos anticlímaxes nos pontos em que Bellini procura efeitos de contraste e surpresa, resulta muito estranho, a meio de um pianíssimo dos violinos, escutarmos as patadas vigorosas da maestrina antecedendo um forte súbito que aparece uns instantes depois, estragada a surpresa pela violenta cacetada. Constatando esta idiossincrasia da senhora logo na sinfonia inicial percebemos que a elegância musical iria estar arredada da interpretação pela pose da artista, o que se confirmou ao longo da noite. Não é com patadas de natureza hípica que se dirige a extraordinária melodia e o belíssimo legato com que Bellini, compositor inspiradíssimo, dotou a sua música. Outro aspecto verdadeiramente negativo foi o facto de a maestrina não dirigir os cantores mas, pelo contrário, ser dirigida por estes. Uma coisa é saber escutar as vozes e dar-lhes tempo de respiração, outra é arrastar e parar a evolução musical sempre que há uma nota mais aguda em que um tenor vaidoso gosta de se ouvir ou um soprano de ego monstruoso se quer deliciar deleitada com os seus dotes de diva. Bellini apenas constrói coloraturas ao serviço do discurso verbal e do fluxo dramático, não há cadências espúrias, parar em cada nota mais exibicional, tipo guitarristas a acompanhar o fadista em cada final de fado, final que se repete centenas de vezes, dando tempo ao cantor de exibir vaidades pouco consentâneas com as suas reais capacidades e destruindo a propulsão musical e o discurso rítmico e melódico, arrasando cantar natural da musicalidade do poema ao serviço da presunção dos divos é destruir a ideia da obra e o génio de Bellini. Espalhafato gratuito, deselegância musical, fortíssimos desproporcionados, falta de equilíbrio dos planos sonoros, direcção pesadona, arrastamento constante nas passagens lentas e em muitas que deviam ser rápidas, entradas em falso, todos estes factos contribuíram para uma confrangedora falta de nexo musical, de fluxo dramático e de ausência de tensão que arrasaram negativamente a música de Bellini.
A soprano Dimitra Theodossiou contribuiu para a enorme falta de gosto desta Norma. Nem discutimos o facto de parecer um mostruário de berloques e brilhantes, facto que deixamos para outros críticos mais mundanos. O que interessa é a falta de qualquer elegância vocal, agudos pesados e baços e médios feios, vibrato monstruoso e voz aparentemente envelhecida, a única justificação para as tremendas dificuldades de respiração poderia ser um problema de saúde que a soprano pareceu invocar assoando-se de forma falsamente recolhida. É inadmissível que uma cantora, vendida como se fosse a diva das divas, se apresente a cantar “casta diva” sem conseguir concluir de forma fluida uma única frase completa. Respirando a meio das palavras, sem conseguir sustentar o legato, parando para se deleitar com alguns agudos, a cantora foi uma sombra musical do que parece ter sido há alguns anos. Junte-se a isto uma géstica histérica e desproporcionada, mais a fazer-se ao gosto fácil de um público pouco exigente, abrindo desabridamente os braços, num estilo que deixaria Amália Rodrigues corada de embaraço, Dimitra Theodossiou foi um modelo de exuberante espalhafato quando se pedia contenção, um personagem sem evolução, que não passou a figura hierática inicial para a mortal encarnação do frágil eterno feminino no desfecho fatal a que se condenou. Theodossiou foi uma má Norma que, mesmo assim, convenceu o ignorante público presente que aplaudiu a pretensa diva de forma ostensiva.
O espanhol que cantou Pollione foi grosseiro e incapaz de nuance apesar da voz grande e do peito farto. Cometeu o erro de entrar no despique dinâmico com uma sempre pronta para a gritaria Theodossiou no terceto final do primeiro acto, apagando completamente a voz bonita, mas pequena, da Biccirè, facto que se repetiu nos duetos com esta, demonstrando falta de companheirismo e de inteligência artística. Resulta muito mais musical e lógico no contexto dramático manter o equilíbrio vocal com a ingénua a quem seduz, depois de ter feito dois filhos a Norma a quem traiu de forma canalha. Provavelmente o tenor também não seria capaz de moderar a voz, uma vez que não tem um grande domínio sobre o seu poderoso instrumento, cantando sempre em poder e nunca em subtileza, o tenor espanhol precisa de reformar o seu canto, deve procurar um bom professor de canto que lhe ensine elegância e subtileza pois a voz, a plenos pulmões, é bela e o instrumento tem qualidades.
A Adalgiza de última hora, uma vez que substituiu uma cantora incapaz que ou foi mal escolhida ou adoeceu (versão oficial), foi correcta. Tendo a elegância que faltou a todos os outros titulares, Bicciré foi inteligente, delicada e suave, conseguiu sustentar um dueto de alto nível com a desbragada Theodossiou que, pelo menos aqui, foi ao encontro da soprano italiana.
O cantor polaco Gierlach cantou sistematicamente de pernas abertas e mostrou-se particularmente boçal do ponto de vista musical, apesar de mostrar bons agudos e consistência na emissão, precisaria de outra direcção para moderar a deselegância natural.
Os portugueses Cátia Moreso e Bruno Almeida estiveram muitíssimo bem, ela densa e consistente mostrou uma voz aveludada e boa presença, apesar de uns sapatos ruidosos que faziam estremecer todo o teatro quando entrava e saía. Bruno Almeida esteve também excelente com uma voz quente e bonita nos agudos, muito bem colocada, a mostrar um belíssimo trabalho de fundo.
A orquestra não comprometeu, mostrando bons sopros e cordas graves, a banda de palco portou-se de forma regular e o coro foi muito bem preparado para esta produção por Giovanni Andreolli, apesar de algum excesso de volume. Rápida e incisiva foi a invocação “Guerra”, tratou-se de um lenitivo no arrastamento global imposto pela batuta de chumbo da maestrina.
Nota muito positiva para o programa de sala com belos textos, apesar de não existir uma crítica e um distanciamento aos pontos débeis na dramaturgia, que os há, e ao lado superficial que orientava o divertimento para as emoções dos burgueses que era a indústria da ópera no início do século XIX. Existe um lado deliberadamente kitsch – já no seu tempo – a puxar ao sentimentalismo, em que é paradigmática, por exemplo, a ária final de Norma destinada à lágrima fácil, mostrando o saber inteligente de Bellini na sua relação com o seu público, facto que não é explorado no programa. Felizmente há outras leituras subjacentes dentro da partitura e, no capítulo das leituras secundárias, o programa é muito feliz.
Uma estrela

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7.6.14

L'Enfant d'en Haut 


É impossível não nos apaixonarmos por Simon, um miúdo de 12 anos, interpretado por Kacey Mottet Klein, na luta pela sua sobrevivência e da "irmã", Louise (Léa Seydoux). 

A acção desenrola-se-se numa estância de esqui de luxo na Suíça. É aqui que Simon rouba aos turistas tudo o que está ao seu alcance. A partir do momento em que Louise perde o emprego o seu "ofício" torna-se um imperativo.

Um filme profundamente duro, com momentos comoventes e profundamente tristes. Uma inversão de papéis que jamais deveria acontecer. 

Belíssimo e apaixonante este "L'Enfant d'en Haut", realizado por Ursula Meier. 





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1.6.14

Compliance 

Becky (Dreama Walker) é uma rapariga comum que trabalha num restaurante de fast food. Vê-se envolvida numa situação terrífica no momento em que é acusada de roubar dinheiro a uma cliente. Esta acusação é feita por um alegado polícia através de um simples telefonema. 

A gerente, Sandra (Ann Dowd), vai-se limitando a seguir as suas ordens, começando por revistar Becky. A partir daqui, a trama evolui para um autêntico pesadelo. 

Baseado numa história verídica (existiram cerca de 70 casos semelhantes nos EUA) este é um filme que suscita uma série de questões éticas e morais. Quais os nossos limites e tolerância quando confrontados perante a autoridade? 

Realizado por Craig Zobe, Compliance é um filme que explora o comportamento humano e as suas fragilidades numa perspectiva bastante interessante. 



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