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31.7.08

Depois de Jericó o artístico Dammann 

Regresso a Jerusalém, depois de passar por Ramallah, Belém e Jericó (a 41 graus dia e noite), finalmente tive tempo de olhar a net e ver o programa do S. Carlos para a próxima temporada.
Constato sem surpresa a repetição de erros de palmatória. Se antes havia a desculpa de o novel director artístico Christoph Dammann ter sido nomeado pelo doutor Vieira de Carvalho e pela doutora Pires de Lima e de parte da concepção ser ainda de Pinamonti, ficamos agora a saber que afinal os erros eram mesmo deste artístico Dammann.
Quando regressar em força ao blogue, e à actividade crítica, depois do périplo por Bayreuth que se segue a este Médio Oriente esgotante mas mágico (o regresso total será pelos idos de Setembro) espero poder ter tempo para apontar com detalhe e de forma exaustiva os erros de Dammann.
Entretanto Portugal visto daqui, do Monte das Oliveiras parece-me tão distante. Vou mas é dar um pulo ao American Colony onde me espera um narguilé que eu sei que não existe...

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20.7.08

Absentia 

Este blogue tem estado de férias, férias devidas a trabalho! Uma enorme sobrecarga de trabalho: conferências que se aproximam, estudantes de doutoramento, colaborações científicas, estadas intermitentes em Lisboa entre viagens, orais e avaliações, revisões de provas e lançamentos de notas, assinaturas em pautas, financiamentos para programas de investigação e bolsas, avaliações de projectos internacionais de investigação, revisões de artigos, gravações na rádio, uma viagem para Istanbul ainda hoje pela início da tarde, depois um périplo por Israel e Palestina, uma noite em Lisboa e o início de Agosto para um pouco de repouso em Bayreuth com sete dramas musicais, têm garantido uma intermitência a caminho da absentia. Não tenho a disciplina de assegurar o diário ou o hábito obsessivo da conectividade onde quer que se esteja. Não procuro ligações wireless, não configuro os telemóveis para receber emails, não corro para o café internet quando tudo o resto falha.
Estar online não combina com este concerto nº3 de Beethoven tocado por Joa Van Immerseel que vou levar na bagagem, não combina com o bazar de Istambul onde, por estranho que pareça, a internet já marca presença de forma firme. Mas, de qualquer modo, para mim a net será sempre um factor extemporâneo à visão romântica que tenho do lugar. Bazar onde comprei em tempos uns cachimbos depois de longas discussões, cachimbos que depois descobri a metade do preço na Anatólia... passear, beber chá de maçã, que compras no bazar nunca mais, apenas camisolas de algodão ao preço da chuva que a bagagem é de mão e doze dias pela Turquia, Israel e Palestina em missão de trabalho com quatro camisas e duas calças é utópico.
Não, previsivelmente não vou alimentar este blogue antes de chegar a Bayreuth, nos inícios de Agosto. Aí sim, prometo reflexões sobre os dramas, encenações, direcções musicais, cantores e poetas... prometo divagações sobre o drama da sucessão do velho Wolfgang, muito mais do que a sucessão do patriarca Wagner. Hoje o nome W é um símbolo numa fundação onde o sangue do fundador já não manda.

Se o tempo e os lugares o permitirem volto em Agosto.

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Concerto vergonhoso 

Prometi a mim próprio não ser destrutivo numa crítica, não o farei agora, destrutiva foi a indiferença, a falta de precisão, o amadorismo, a falta de qualidade sonora, a desconcentração inenarrável, a ausência de qualquer sensibilidade musical, a sopa de som informe e maçuda da Orquestra Sinfónica Portuguesa no concerto do Festival do Estoril no Teatro Camões no dia 18 de Julho.
A peça de Colla foi uma berraria do princípio ao fim, sem textura nem cor.
O concerto de Sibelius com um violinista excelente a lutar contra a apatia sonora da orquestra que apenas soube produzir uma espécie de pasta sonora que se agarrava ao som belo poderoso, sensível e transparente de Ovrustsky, um violinista a merecer ser notado a nível mundial.
A peça de Ince, Memórias de Lycia, foi o culminar do cataclismo. Será que os senhores dos violinos (simplesmente caóticos), madeiras (lamentável a falta de precisão nas partes mais ritmadas), percussão (sem controle de som) e todo o resto da orquestra, não percebem que o facto da obra ser estreia em Portugal não os obriga a tocar de forma empenhada mesmo que ninguém conheça a obra? Não percebem que desafinação, descontrolo no tempo, falta de ritmo, som horrível, arcadas trocadas e sons desconexos, pizzicatos completamente desfasados, entradas erradas, descoordenações entre naipes e dentro dos naipes, não são perceptíveis mesmo numa obra que nunca se escutou antes? Uma obra com imensas qualidades simplesmente arrasada pela interpretação displicente desta orquestra indisciplinada e sem qualidade.
O maestro David Miller, que escutei noutras oportunidades, tem qualidade, nada pode fazer contra este estado de coisas apesar das suas indicações precisas e o compositor ao piano suava e tentava adaptar-se o melhor possível a um caos total.
Desastre: quando um concerto é assim a crítica não arrasa, quem arrasou é a orquestra. Arrasaram a música vestidos de camisa preta, sem cor nem chama, sem alegria nem empenho, celebraram o funeral da música ao longo de duas horas de concerto.

Bola preta.

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