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24.2.06

Noite Histórica em S. Carlos 

Uma ópera notável pela sua simples beleza musical criada por um Tchaikovsky inspiradíssimo. Um maestro de altíssima craveira, um naipe de cantores absolutamente ímpar, verdadeiramente extraordinário. Uma orquestra a responder razoavelmente e um coro mediano. Tudo num conjunto a superar-se de forma brilhante e uma estreia histórica mais de cem anos depois da Iolanta ter sido estreada e de Mahler a ter escolhido para uma auspiciosa estreia na Alemanha... A soma disto tudo foi maior do que as partes e criou um momento mágico, há dezenas de anos que não assistia a algo tão belo no palco do S. Carlos. Não sou de elogio fácil, todos os que me conhecem, ou aqui vão passando, o sabem. Neste caso sou quase incondicional, perder esta Iolanta é perder um momento irrepetível nos palcos de ópera deste mundo. Pode-se criar igual, melhor creio ser impossível e mesmo em disco será quase impossível. A gravação desta noite deve ser guardada como uma preciosidade pela antena 2, é património.
Uma crónica mais detalhada será publicada, mas se ainda não tem bilhete corra ao S. Carlos para as duas récitas (em versão de concerto) que ainda faltam.


21.2.06

Irving condenado 

O historiador inglês David Irving (site de Irving) foi finalmente condenado (notícia do Times de Londres) a prisão efectiva na Áustria por negar o holocauto.
Creio que a publicidade lhe assenta bem e às suas teorias. Outro aspecto que interessa reflectir com cuidado é se esta condenação não é uma violação do direito à liberdade de expressão que distinguiria precisamente as sociedades democráticas saídas da segunda guerra mundial. Creio que a condenação na Áustria, impossível em Inglaterra, é resultado de uma má consciência que ainda vigora na Alemanha, e sobretudo na Áustria, devido à sua participação em massa nas loucura hitleriana. Os piores nazis eram austríacos e o fanatismo nazi na Áustria era levado à loucura. O que se passou após o final da guerra foi tranformar um país envolvido grosseiramente no nazismo numa espécie de vítima simpática do mesmo. Infelizmente tanto a população austríaca como a alemã de então caiu maioritariamente sob o feitiço de Hitler. Embora tenha ganho as eleições em 33 com menos de 40% (Alemanha) em 39 Hitler teria tido certamente uma esmagadora maioria (tanto na Áustria como na Alemanha) se tivesse feito eleições...
Rejeito a teorias de Irving mas parece-me um péssimo precedente esta condenação que ainda por cima só vai publicitar ainda mais a sua versão dos acontecimentos.

Fica para a história a negação das teorias pelo próprio Irving durante o julgamente:

During his seven-hour trial yesterday Irving sought to convince the jury that he had changed his mind and now acknowledged the murder of six million Jews by the Nazis.

“I made a mistake when I said there were no gas chambers at Auschwitz,” he told the court.


Afinal parece que sempre houve holocausto... Por enquanto, mas depois da condenação será que Irving negará a negação da negação?

19.2.06

O belo e o monstro no S. Carlos 

Ontem assisti a um concerto memorável no S. Carlos, como aliás referi aqui, Kristian Bezuidenhout um pianista excelente. Uma orquestra do século XVIII extraordinária em termos musicais, de uma plasticidade incrível, de uma beleza sonora sem par, provando alta capacidade também depois de desdobrada em formações de câmara: ontem um sexteto com dois oboés, duas trompas e dois fagotes, hoje um quinteto para piano e sopros, oboé, clarinete, trompa e fagote k. 452.
O pianista ontem nos concertos 17 e 24 e hoje no quinteto mostrou uma enorme capacidade de transmissão de emoções quer com o público quer com os seus colegas músicos. Foi capaz da arte da superação dos obstáculos musicais do próprio instrumento, meio de expressão apropriado ao universo musical mozartiano mas parco de recursos técnicos e com uma sonoridade muito débil.
É num jogo imenso de fragilidades, de recortes e transparências, de obscuridades e jogos de som, ora tapando ora destapando que a música de Mozart faz todo o sentido. A compreensão do seu génio de homem frágil, franzino, um fio de vida destruído precocemente pela doença, agarrado a um tempo sem fim onde a sua única força é a alegria da música e o turbilhão das emoções que transmite, passa pela recepção das obras dentro do seu contexto original. É neste quadro de instrumentos também imperfeitos, frágeis, rudes nalguns casos - trompas, agrestes noutros - oboés, roufenhos ainda - fagotes, inusitadamente precisos e sonoros - tímpanos, poéticos - flautas (que me pareceram a parte mais fraca desta orquestra) e clarinetes, aveludados mas de afinação difícil - cordas, que o franzino pianoforte entra como imagem do Mozart. Objecto à imagem do compositor que, com os mesmos meios dos seus contemporâneos, consegue tocar a eternidade onde os outros apenas agarraram a poeira dos dias que já não voltam.
Com os intérpretes passa-se o mesmo, Cristian Bezuidenhout é um jovem, cheio de música e comunicabilidade, de força endiabrada, de emoção, de entrega, o seu virtuosismo tem limites mas a sua musicalidade não. Ontem nos concertos 17 e 24, sobretudo neste último que no primeiro entrou tudo muito a frio, e hoje no quinteto. Ou seja: como solista director e como músico de câmara; mas sempre como líder e, ao mesmo tempo, como parte integrante do conjunto conseguiu mostrar um Mozart frágil mas perfeito na sua fragilidade quase mágica, num equilíbrio notável entre forma e conteúdo. Um Mozart com articulações muito marcadas e com muito stacatto, fruto também da natural percussão efémera dos martelos no pianoforte (réplica de um instrumento do tempo de Mozart), articulações que se mantiveram de forma coerente na orquestra e com acentuações muito subtis mas ao mesmo tempo muito eficazes no sublinhar de cada frase..

Entretanto esta tarde tivemos outro pianista, supostamente a dirigir a orquestra do século XVIII, e a tocar os concertos nº12 e nº23. De seu nome Stanley Hoogland.
Algo que poderia ser quase perfeito, como com o seu colega Cristian, tornou-se numa aberração musical. O mesmo instrumento que serviu para Bezuidenhout criar poesia serviu a Hoogland para assassinar totalmente as partituras mozartianas. Gélido, inexpressivo musicalmente, tecnicamente defeituoso: escalas inacabadas, passagens com notas em falta, notas esmagadas com fartura, notas erradas para todos os gosto e passagens, uma cadência do primeiro andamento do concerto 23 aldrabada escabrosamente, um terceiro andamento do mesmo concerto onde nem sequer conseguiu enunciar o tema e o andamento lento, um dos trechos mais belos da história da música, miseravelmente assassinado por um instrumentista sem a menor sensibilidade. Se já era triste ter de escutar a melodia tocada de forma pequena, mal entoada, sem paleta dinâmica, formatada e espartilhada o pior eram ainda os acordes falhados e a despropósito logo de entrada neste segundo andamento que arruinariam qualquer hipótese de coerência artística no decorrer do mesmo.
Onde antes havia sublinhar do fraseado por articulações cuidadas e acentuações criteriosas no pianoforte, existia agora uma pastelada uniforme afectada por tremendas dificuldades técnicas que pareciam de principiante.
Mau demais para ser verdade, a orquestra lá se aguentou como conseguiu com este suposto pianista-director de tal forma que o concertino, para a coisa correr menos mal, teve de dirigir com a mão direita no rondò, sobretudo os sopros, para se acertarem as entradas. O pianista era tão mau que tive de sair a correr para não ter de patear e gritar BUUU depois da carnificina. A orquestra conseguiu esquecer o pianista e tocar muito bem no segundo andamento do concerto 23, o que compensou de alguma forma o massacre que se dava no pianoforte... Academismo sem música no seu pior.
Ambos os concertos (12 e 23) com interpretação muito fraca mas se o concerto nº12 foi mau, por inexpressivo, uniforme em termos dinâmicos e por erros técnicos, o nº23 foi péssimo.

Uma nota ainda para os sopros no quinteto, deliciosa a trompa, muito bonito o som do clarinete, fagote muito certo e sonoro, poético, e oboé um pouco menos seguro mas também a cumprir a sua parte com musicalidade.

Um público de cossacos bêbedos talvez fizesse menos barulho do que o mal educado público desta tarde em S. Carlos. A tosse omnipresente já é um mal menor face a telemóveis, a pessoas a entrar e sair dos camarotes, a levantarem-se e a sentarem-se nos mesmos camarotes e a conversarem (a frisa 14 na primeira parte foi um exemplo assaz incomodativo mas não único), entretanto no quinteto, parte melhor do concerto de hoje, foi um telemóvel e um ruído infernal de sacos plásticos ruidosos para além da rapaziada dos camarotes a bater o compasso com os pés e as mãos. Se os próximos concertos do S. Carlos se fizessem na aldeia dos macacos do jardim zoológico provavelmente seriam mais aprazíveis...
Nota negativa para a frente de sala que não fez sentir às pessoas que estavam no bar que o intervalo estava a acabar. Fomos informados que mais de uma dúzia de pessoas não entrou no início da segunda parte porque ficaram no bar sem saber que o intervalo tinha terminado, nem campainha se ouviu nem ninguém foi informar os presentes da situação, um aspecto a corrigir.

Triste sina 

Hoje no Teatro Nacional de S. Carlos poderemos escutar os concertos nº12 e 23 de Mozart pela orquestra do século XVIII, às 17h e o quinteto para sopros e piano também de Mozart.

Ontem escutámos os mesmo intérpretes nos concertos nº17 e 24. Ouvimos ainda o divertimento nº12 para dois oboés, duas trompas e dois fagotes. Excelente concerto.

O concerto nº 23 terá provavelmente o mais belo de todos os segundos andamentos que se escreveram para uma formação deste tipo num concerto para pianoforte e orquestra. Se não tem nada que fazer pode ainda comprar bilhete e assistir a um concerto que se prevê excelente nesta tarde triste.

É uma tarde triste por outra razão, pela disparatada relevância que se dá a uma transladação de uma vidente, obviamente encenada e preparada para isso pela hierarquia da igreja, para minha grande tristeza de católico. Tudo para abusar e rentabilizar a crendice e a superstição de um povo imbecil que continua a alinhar neste tipo de palhaçadas. Bem dentro do espírito tacanho e pseudo-beato da plebe portuguasa no seu lado mais negro e estúpido, velho de séculos. Não acredito em Fátima, nunca acreditei e isto tudo mete-me nojo... Fátima não tem nada a ver com Fé, nem com a mensagem de Cristo. Fátima é, para mim, mariolatria despudorada numa espécie de regressso à idade média. Uma tristeza.

Fica para mais tarde uma apreciação crítica ao Barbeiro de Sevilha.


14.2.06

O Som da Edição Mozart 

Já escutei muitos dos CDs da edição Brilliant classics que adquiri com a obra completa de Mozart por 100.5€, 170 CDs. Utilizei equipamento da Advance Audio (CD e amplificador), cabos CableTalk e colunas MA GR60 e GR10. Experimentei também um velho amplificador LEAK com um leitor Marantz 63 Ken Ishiwata sig. e um par de colunas Castle (onde escutei a maior parte do material) e ainda um velho amplificador Sansui a válvulas, felizmente com válvulas novas, as velhas 7591, válvulas vintage das quais ainda guardo duas usadas em bom estado e uma por estrear (Sylvania, General Electric e Toshiba), se juntarmos a isto uns auscultadores Sennheiser HD 650 e as colunas Altec do meu PC ficamos com uma ideia dos aparelhos usados... Infelizmente encontrei já interpretações absolutamente desinteressantes como a da maioria dos concertos para piano, depois de ter a integral do Jos van Immerseel custa a engolir um pianista medíocre com uma orquestra célebre mas dirigida de forma indiferente.
Boa a interpretação das sinfonias, mas a gravação é fraca, o som sem brilho e sem harmónicos agudos, sem planos, sem profundidade; uma belíssima interpretação destruída por uma gravação sem recorte, sem profundidade. As missas estão interessantes (numa audição algo desatenta enquanto lia) na maior parte, mas o som volta a pecar por captações duvidosas que em vez de nos acalmarem, de nos porem em paz, acabam por enervar devido à distorção nos harmónicos agudos, chega a ser irritante escutar este som numa boa aparelhagem e acabo por ouvir no carro ou no computador, como os carros são Land Rovers, na maior parte dos casos, perde-se imediatamente qualquer noção se os discos estão bem ou mal gravados devido ao ruído do motor, o que acaba por ser agradável, é como o toque de um telemóvel num mau concerto! Infelizmente também já é raro ter gravações de alto nível técnico, como acontecia nos anos 60 ou 70. Recordo uma gravação de "Des Knaben Wunderhorn" de Mahler com Dietrich Fischer-Dieskau, Elisabeth Schwarzkopf, George Szell e a London Symphony Orchestra, que é para mim a melhor, ou das melhores gravações, de todos os tempos em termos de qualidade sonora, a captação do bombo e caixa de rufos é incrível, o equilíbrio e a emoção da captação estão ao nível da espantosa interpretação. Uma espécie de monumento que não se tem repetido apesar de uma evolução técnica que não é acompanhada nem por grandes cuidados, nem por engenheiros de som superiores, nem por grandes investimentos das editoras que têm fugido do mundo clássico como o diabo da cruz.
Enfim, as óperas e as gravações originalmente da Telarc não são más de todo, com interpretações estilisticamente ultrapassadas mas aceitáveis do ponto de vista artístico e na qualidade do canto.
A música de câmara é muito interessante, sobretudo nas obras menos escutadas, ouvi os divertimentos para dois clarinetes e fagote e a audição foi feita com inegável prazer. Enfim: 170 discos a 59 cêntimos cada um, vale a pena e ainda não estou arrependido...

13.2.06

Historiador? 

Como é que eu consigo ler um livro cujo título é "Afonso Costa" se este apresenta logo na primeira página: "Ao Dr. Afonso Costa, Filho"?

Chiça! Como é que um livro destes pode ser isento? Como é que um historiador se dá ao luxo de dedicar o seu livro ao filho do controverso estadista sem enviesar imediatamente a sua posição que se pretendia isenta e acima de qualquer suspeita.

Quem leu a História da Maçonaria Portuguesa, do mesmo autor, percebe que Oliveira Marques é tudo menos isento e imparcial... Claro que leio na mesma, mas com a dose de desconfiança curiosamente diluída pela honestidade da sua afirmação inicial de princípio. Tal como a sentença em que afirma, no seu livro sobre a maçonaria, que atingiu todos os 33 graus do rito escocês. Ao menos sabemos com o que contamos...


Quanta angústia - quanto tormento para uma noite de glória 

Falo do concerto com Cecilia Bartoli e orquestra barroca de Freiburg, e nem sequer estou a pensar no trabalho dos músicos e da cantora.
Tudo começou quando escutei o disco Opera Proibida e algo me soou mal, sobretudo nas árias de bravura, pensei no assunto, discuti, ouvi de novo, e é sobre essas árias que me pronuncio. Nem sequer era o nasalamento da cantora nas passagens de agilidade, não era o timbre agressivo, nasalado, de cana rachada nas escalas e nos golpes de garganta numa exibição circense de arte vocal, nem sequer era essa exibição pirotécnica que desagradava e me cheirava a esturro, era algo mais profundo. Bartoli canta bem, muito bem mesmo. Disfarça a pouca potência e agudos difíceis (débeis e destimbrados) com muita inteligência, o seu registo médio é deslumbrante, os seus graves opulentos e densos. A sua musicalidade e o seu sentido dramático e de palco são notáveis, a sua capacidade de respiração em disco é impossível. Ao vivo essa capacidade é notável para uma mulher mas não irreal e, no entanto, as linhas vocais lá estão escritas de forma contínua com melismas imensos sobre a mesma sílaba, mas a cantora tem de parar e cortar as frases para respirar. Este facto dava-me uma pista, conversei mais um pouco sobre o assunto, sim realmente é impossível cantar estas árias como estão escritas por Caldara, Handel, Alessandro Scarlatti e porquê? Porque Bartoli não é um menino pobre a quem retiraram os testículos aos nove ou dez anos e se desenvolveu anormalmente, porque Bartoli não tem a caixa torácica de um castrado, porque não tem a potência vocal de um homem anormal, criado de forma desumana para o prazer dos outros. As árias de bravura e as outras foram escritas num tempo de outra ética (ao tempo a escravatura ainda era regra nas colónias) e a Igreja fomentava o costume bárbaro da castração para alimentar as capelas de cantores capazes de cantar as passagens agudas. Depois de pensar um pouco e de me afastar de um entusiasmo imediato (e geral) pela arte vocal de Bartoli percebi que as razões do meu desagrado eram sobretudo (est)éticas.
Escutamos este espectáculo hoje com imenso gozo sem nos lembrarmos da génese negra da fonte do nosso hedonismo, um circo de vaidade, árias escritas por compositores geniais para homens deformados e com problemas psicológicos, apenas para brilho da vaidade e dos sentidos, tudo valendo para prazer dos sentidos dos senhores do Ancien Régime. Escalas gratuitas sem sentido maior do que exibição circense, música de qualidade reduzida, na maior parte dos casos, para consumo imediato do burguês de hoje, 300 anos depois do seu consumo nos salões romanos. Ontem os castrados, hoje a Bartoli. Foi muito bonito de escutar a Bartoli a espremer-se e gorgolejar, sentido rítmico, capacidade vocal e alguma inteligência na abordagem das passagens mais complexas escolhendo os pontos em que cortava as frases para respirar de forma coerente e mostrando um grande "músico" em termos técnicos mas não é esse o sentido da música para mim, como espectáculo de circo estas árias foram boas...

E regressamos às árias lentas e aos recitativos, aqui Bartoli demonstrou que é realmente uma cantora notável de sentido musical e de expressividade, não é um fenómeno musical mas é uma grande cantora e fez neste concerto interpretações magistrais, a ária "Lascia la Spina... " tão aplaudida, provavelmente por a maior parte do público pensar que se tratava da pausa do intervalo..., foi um dos momentos altos do concerto.

A Orquestra Barroca de Freiburg esteve notável com a direcção da concertmeisterin Petra Müllejans cujo papel discreto deve ser realçado. É certo que face à Bartoli tudo parece pequeno, mas uma interpretação de alto nível da abertura de Santa Francesca Romana de Caldara, de "Il Trionfo del Tempo e del Disingano" de Handel, do Concerto Grosso op. 6 nº 12 de Corelli ou da Sonata de "Il Trionfo del Tempo e del Disingano", aqui com umas notas trocadas no órgão que não mancharam uma interpretação muito viva, mostraram uma orquestra barroca muito sólida e consistente faltando-lhe apenas algumas capacidade de arranque e de "fúria" italiana onde sobrou rigor e correcção estilística. Um par de oboés belíssimo, trompetes muito claros, fagote certíssimo, aliás todos os músicos do contínuo muito compenetrados e certos.
A cantora colaborou na direcção indicando o tempo em que seguia ou pedindo alterações dinâmicas dando entradas com os braços e o corpo numa coreografia divertidíssima de se observar; segundo alguém comentou: "parece que está a dirigir uma quadriga romana, só lhe falta o chicote!"...

Um concerto de altíssimo nível, a Fundação está de parabéns por conseguir trazer músicos deste calibre à sua sala principal. Valeu pelo espectáculo nas árias de bravura e pela música no resto.

Continua o ciclo "Grandes Asneiras em Notas de Programa"

Desta feita o programa está cheio de erros ortográficos e de arreliadoras gralhas que dificultam uma leitura escorreita do mesmo.
Os "Cardiais" (relativo à abertura superior do estômago?) aparecem duas vezes, o Prince (a princípio pensei que fosse o cantor rock) que depois se descobre que afinal era príncipe, que se anuncia como mecenas e virada a página se volta a anunciar como mecenas, como se já não se tivesse dito anteriormente e depois voltada de novo a página somos informados que o tal (agora) Príncipe Ruspoli era, e de novo, "porventura o mais influente mecenas". Um mecenas triplo, ao cubo. Depois lá vem o erro habitual: "púdico" e "impúdico", com acento e sem assento, não há um corrector ortográfico na Fundação Gulbenkian ou um revisor? Será que foi embora juntamente com o Ballet Gulbenkian?


11.2.06

Uma edição violentamente recomendada e um novo blogue 

Uma edição da Brilliant Classics por 89.99€ mais portes de envio, paguei no total 100,5€ pelos 170 CDs, na AMAZON! Encomendei em boa hora, já tenho a caixa com os 170 CDs, estou a ouvir paulatinamente e ainda não encontrei más interpretações, algumas são mesmo de grande nível, Musica Ad Renun, Rainer Zipperling, Carl Leister no clarinete, etc, etc, etc...

Entretanto o jornalista e actual Director Adjunto para a Antena 2, João Almeida, lançou um novo blogue mais a família e alguns amigos são os Carapaus de Corrida.
Estaremos atentos, para já arriscam-se à ira dos fundamentalistas islâmicos com uma caricatura do Profeta bem a preceito no blogue, também se arrisca à ira dos fundamentalistas mozartianos e dos fundamentalista guardiões do templo sagrado dos intocáveis devido a um post sobre o pequeno austríaco.


Castafiore 

E a Madame Castafiore está a chegar...

10.2.06

Lugansky - Um recital não totalmente conseguido e um toque de terceiro mundismo 

Terça, 7 Fev 2006, 19:00 - Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian - Av. Berna, Lisboa.

Nikolai Lugansky (piano)

Ludwig van Beethoven. Sonata Nº 16, em Sol Maior, op.31 nº 1.
César Franck. Prelúdio, Coral e Fuga
Fryderyck Chopin. Prelúdio em Dó sustenido menor, op.45 e sonata Nº 3, em Si menor, op.58.
Extras (2) de Chopin e de Liszt/Paganini.

Uma primeira nota para o lado extremamente desagradável que é ter um pianista a entrar para o seu recital e estarem ainda inúmeras pessoas a entrar pelas portas abertas da sala. Uma falha gravíssima da Frente de Casa que aliás repetiu um erro crasso que se passou na segunda parte do recital de Kissin. Se fosse apenas uma vez por distracção ou erro ainda se desculpava. Ter esta cena repetida quer dizer que ninguém aprendeu com erros anteriores e existe de facto uma rebaldaria numa sala que se quer mostrar à altura das melhores casas do mundo. Lamentável esta reincidência na falta de respeito pelo pianista e pelo público que chegou à hora. Nunca deveria ser dada ordem para o pianista entrar numa situação destas.

O Beethoven de Lugansky é um Beethoven maduro, pensado e repensado e tocado à exaustão. A interpretação desta sonata revestiu-se de um lado extremamente elaborado, em que Lugansky tentou transmitir a elegância do seu fraseado, a finesse do seu estilo. Se em ocasiões anteriores notei uma subtil e mágica capacidade de dominar o factor tempo em Beethoven com uma inteligentíssima dose de rubato, neste recital voltámos a sentir esse poder. É um jogo de abismos, a todo o momento pode-se cair no excesso e transformar uma interpretação colossal numa pastelada sentimental. Creio que Lugansky não estaria tão inspirado como de costume pois esse dosear do rubato que é uma das suas marcas se notou para além do razoável, no entanto Lugansky conseguiu agarrar a obra e, apesar de algum desequílibrio, nunca tombou no abismo. Um uso do pedal muito apropriado e uma mão esquerda muito bem desenhada compensaram de certa forma o rubato excessivo.
Em César Frank o pianista foi dominador, de uma sonoridade sinfónica e de uma técnica superlativa numa obra de grande fôlego. Impressiva a fuga. Neste ponto do recital o rubato de Lugansky foi utilizado de forma mais subtil, ou mais de acordo com a obra, e marcou um efeito interpretativo de rara beleza. Creio que o ponto alto do recital esteve aqui e nos dois primeiros extras.
Já o Chopin foi, no meu entender, muito mais fraco, o prelúdio foi relativamente banal para um pianista desta categoria e a sonata pecou por erros que me pareceram graves ao nível de topo, como fraseados interrompidos, notas cortadas cedo demais quebrando frases de forma inconclusiva, legato demasiado irregular, parecia que Lugansky ainda estava a ler a sonata ou que a memorização técnica foi imperfeita.

O primeiro extra, um prelúdio de Chopin foi lido com rara poesia, o segundo extra, um estudo para as terceiras, foi o momento mais sublime da noite, um legato em pianíssimo com uma uniformidade espantosa, perfeito na "dicção" e na expressividade.

O terceiro extra correspondeu ao toque terceiro mundista, depois de obras de grande fôlego criativo e intelectual, depois de momentos mágicos nos dois extras notáveis que Lugansky escolheu, lá tinha de escorregar o pé para o chinelo com a Campanella de Liszt na transcrição para piano solo do concerto de Paganini. Um número circence a que o público corrrespondeu com bravos e urros quanto baste para corte de orelha e rabo.

Nota pícara: um senhor perto do local onde eu estava e que esteve pacatamente a ressonar durante toda a fuga do César Frank mal esta acaba e se ouvem as primeiras palmas, levanta-se e grita repetidamente "bravo", ah é deste público que a gente precisa! Sem boa música não há bons sonhos...


8.2.06

Desaparecimento 

Augusto Manuel Seabra não tem escrito no "O Público", não consigo encontrar as suas crónicas, nem escreveu no Mil Folhas da última semana. Não há policríticas nem auto polémicas, Seabra não tem fustigado Isabel Pires de Lima, com grande pena minha. Que é feito do pluricrítico?
Ter-se-á demitido outra vez do jornal? Seabra vai em dezenas de tentativas de demissão para não menos regressos, que ninguém nota... Estará a preparar conferências de cinema na Culturgest? Que espero não perder... Terá sido convidado por Isabel Pires de Lima para membro da equipa dirigente de Burmester na Casa da Música?
Sinto uma certa falta, uma nostalgia, onde pára o Seabra?


7.2.06

Ciclo "Grandes Asneira em Notas de Programa" 

O Ciclo das Grandes Orquestras Mundiais prossegue com o Ciclo das Grandes Asneiras em Programas da Gulbenkian! Ficámos a saber pelo texto apresentado no programa que Dvorak apenas escreveu um concerto para piano passo a citar "escrito onze anos após o Concerto para Violoncelo, em Lá menor, op.53". Isto por solicitação do pianista "Karel Slavkovskych". Neste caso a asneira salta aos olhos, se repararmos nos números de opus, 33 para o piano e 58 para o violoncelo, Dvorak compôs um concerto para violoncelo muito tempo antes, não o concerto em lá menor, mas uma obra que não orquestrou na totalidade depois de ter sofrido um desgosto amoroso por parte da proto destinatária do concerto, este detalhe raramente é mencionado e não tem grande importância para o caso. O que se passa é que o concerto para violoncelo em lá menor foi escrito em 1894-5 e o concerto para piano em sol menor foi escrito em 1876. Como diria o Guterres: "é fazer a conta", e nada tem a ver com onze anos. Ao contrário do que se afirma o concerto de piano nasceu antes do concerto para violoncelo.
Além disso o comentário da "acumulação de efeitos sonoros, muitas vezes enfáticos, não mascara a ausência de surpresas de uma partitura muito convencional" é altamente contraditório com o resto em que se afirma basicamente que o concerto é tudo menos convencional! De facto o concerto de Dvorak para piano e orquestra é uma obra estranha, pouco habitual, uma espécie de sinfonia pianística sem dar muito espaço para exibições para o pianista, sendo altamente complexo em termos técnicos. É precisamente por isso mesmo que não caiu no gosto fácil e convencional de uma burguesia ignorante que ainda hoje vai a salas de concertos e, pelos vistos, escreve as notas de programa.
Faltou ainda a informação preciosa que o concerto foi reeditado por Andras Schiff a partir do fac simile do original autógrafo de Dvorak, uma vez que a edição corrente e usual de Kurz é uma adocicação de gosto fácil e que, finalmente, o concerto está a ser devolvido à sua dimensão original pelo trabalho de Schiff. Aliás uma edição já tocada em Portugal por Filipe Pinto Ribeiro, em 2004, com a Orquestra Nacional do Porto quando o concerto, segundo se julga, foi estreado em Portugal!

Devo dizer que numa primeira audição não gostei do concerto de Dvorak, por razões totalmente diversas das apontadas nas notas de programa, penso que é uma obra difícil e que merecerá uma análise profunda, apesar de uma interpretação que me pareceu irrepreensível de Schiff e da Orquestra de Câmara da Europa (43 músicos) na Gulbenkian, segunda feira, o piano soava mal, e creio que existiu algum desequilíbrio sonoro entre orquestra e piano e uma repetição de ideias temáticas e de soluções harmónicas sobretudo no primeiro andamento, demasiadamente longo. Não faço a menor ideia se estes defeitos são da partitura ou da interpretação ou mesmo se são defeitos. Neste caso não posso fazer uma crítica informada porque não conheço a obra, são apenas impressões de audição que transcrevo aqui, vou escutar a versão de Richter e Kleiber para mergulhar melhor na obra que, apesar da sua estranheza, parece fascinante. Talvez ainda se entranhe...
A discografia é pequena, existe uma gravação histórica com Carlos Kleiber e Sviatoslav Richter (EMI recordings of the century) e uma edição comparada com Ivan Moravec ao piano (versão Kurz) e Radoslav Kvapil (versão original), sempre com a Philharmonia Orchestra numa gravação de 1983. Existe um disco da Naxos com Jeno Jando no piano e Antoni Wit na direcção com a Orquestra Sinfónica de Rádio da Polónia, não sei se haverá mais gravações, provavelmente haverá mas poucas se devem comparar à de Richter e Kleiber que considerava muito este concerto. Segundo o próprio Andras Schiff existe também uma gravação antiga dele próprio mas parece que deseja gravar de novo o concerto com a Orquestra de Câmara da Europa.

O Concerto teve uma sinfonia nº 5 de Schubert a abrir, tocada com simplicidade e linearidade, com belas sonoridades na orquestra e uma 2ª de Beethoven. Esta sinfonia foi tocada de forma irrepreensível, com uma direcção muito viva e apaixonada de Shiff, mais atento aos aspectos poéticos do que propriamente às entradas e à técnica. Articulações perfeitas, sem legato excessivo para uma interpretação de Beethoven. Sonoridade de alto nível, cordas soberbas, sopros não tão perfeitos e trompas muito fanhosas a esborrachar entradas e a dar notas trocadas. Haverá sempre um par de trompas para estragar a perfeição? Uma orquestra com fortes muito belos, com peso e sonoridade mas sempre com elegância e pianos muito aveludados e poéticos.

P.S. Ao pesquisar na Amazon encontrei mais uma gravação com Justus Frantz, Bernstein e a New York Philharmonic.

P.S. 2: Reparei entretanto que a informação relativa ao aspecto mais ou menos convencional e o "enfático", "acumulação de efeitos sonoros" e a "qualidade dos temas desigual" e blá blá blá são cópia literal de um livrinho franciú. A palavra enfático é paradgmática neste contexto tradutivo à la lettre do texto francês..., uma tradução quase literal do Guia da Fayard da Música Sinfónica, sem menção da fonte. Um deslize do autor que nos tem brindado com notas de programa muito razoáveis nos últimos tempos. Neste caso são fraquitas.

P.S. 3: Estou agora a escutar o concerto de Dvorak na versão de Sviatoslav Richter com Vaclav Smetacek na direcção e a Orquestra Sinfónica da Rádio de Praga. Uma gravação ao vivo das Produções Praga - 1966, uma distribuição Harmonia Mundi - Alemanha - 1993. O piano escuta-se muito melhor do que na Fundação Gulbenkian, a captação das cordas é fraca, Richter é mais cartesiano e directo do que Schiff, sendo mais enérgico tem menos finesse, é mais simples sem ser simplório...


2.2.06

A semana louca 

Concerto com programa
Fernando Lopes-Graça: Para uma criança que vai nascer.
Sergei Rachmaninov: Rapsódia sobre um Tema de Paganini, op.43 para piano e orquestra.
Piotr Ilitch Tchaikovsky: Sinfonia Nº 6, em Si menor, op.74, Patética.

Esta noite Sequeira Costa esteve simplesmente brilhante ao piano perante um público abúlico e mal educado, como de costume.
Passei 18 anos sem ouvir Sequeira Costa por o ter escutado durante uma má fase da sua carreira. Sinto que matei um fantasma. Além de Sequeira Costa estivemos perante um maestro de altíssimo nível: Miguel Harth-Bedoya, e uma orquestra a responder entre o sofrível e o excelente no final da 6ª de Tchaikovsky. Entrassem os trombones todos ao mesmo tempo nas passagens a descoberto do final do primeiro e último andamentos e fossem a trompas mais leves na valsa e teríamos uma 6ª perfeita. Musicalmente de altíssimo nível, com cordas graves notáveis, violoncelos e contrabaixos superlativos, a concepção do maestro foi de uma lógica e naturalidade absolutas.
O concerto começou por uma obra de Lopes Graça para cordas a todos os títulos notável e que ganhou muito por ser interpretada por uma formação alargada. Infelizmente o trabalho de alguns músicos, nomeadamente nos violinos foi aqui indiferente e pouco cuidado, displicente, pouco profissional mesmo. Não se admite que as arcadas nos primeiros violinos, últimas estantes, nem sequer estivessem certas e que houvesse gente que andasse a fingir que tocava nas partes mais difíceis, uma vergonha.

Apesar deste ponto o concerto de amanhã, Sexta, é altamente recomendado. Com o mesmo programa pelas 19h na Fundação Calouste Gulbenkian, simplesmente a não perder.

A próxima semana é completamente louca: Andras Schiff e Orquestra de Câmara da Europa na segunda, Lugansky na terça, Barbeiro de Sevilha em duas récitas na quarta e quinta no S. Carlos, orquestra Gulbenkian na sexta com grandes cantores e o Cristo no Monte das Oliveiras de Beethoven e a Bartoli no Sábado.



40 

Assisti na quarta feira passada a um recital de canto e piano apenas com lied de Schubert, com Ian Bostridge e Julius Drake em que notei um crescimento da voz do tenor inglês em extensão e em força.
É certo que a interpretação de Bostridge é muito elaborada, que o requinte que tenta imprimir ao texto acaba demasiadas vezes em maneirismos vocais excessivos, que a leitura é demasiado entrecortada para que se consiga perceber um legato imenso em arcos majestosos, que desafinou excessivamente nos graves que talvez até venha a ter no futuro mas que não dominou no recital de quarta. Na primeira parte toda a descida ao registo grave acabou por ser uma descida aos infernos que fazia sofrer o cantor de forma atroz e a quem o escutava soava como uma tortura. A primeira parte foi comprometida por essa falta de segurança aliada a uma interpretação demasiado pensada, rugosa em excesso, soluçada num um estilo que se pode talvez assacar a Dieskau mas neste último alicerçada numa naturalidade dramática e numa voz tão consistente que se tornava lógica e inultrapassável. De qualquer modo a minha referência em lied de Schubert bifurca entre Dieskau e Hotter, sendo este último um mestre dos grandes arcos vocais.
Julius Drake talvez sentindo a insegurança de Bostridge esteve muito firme no ritmo mas sem plasticidade ou grande subtileza.
Na segunda parte houve uma transformação notável, num recital construído em torno de pólos temáticos, natureza e amor, natureza e sofrimento, água - amor e sofrimento, transfiguração, ganhou uma força enorme logo nos lieder sobre poesia de Rückers, em meu entender o clímax do recital, o Sei Mir Gegrüsst foi de uma beleza ímpar.
Qual a razão para esta alteração? Creio que uma razão técnica foi evidente, os lieder da segunda parte não descem a uma tessitura tão grave, o cantor soltou-se pela naturalidade da emoção e não tentou fabricar essa emoção. Quando um cantor do nível de Bostridge, com a sua voz muito bela e a sua inteligência, canta de forma natural não é preciso quase mais nada para chegar ao Parnaso. Foi também necessária para esta subida de nível o pianista Julius Drake que, também na segunda parte, foi mais intenso e mais plástico no acompanhamento, sempre solidíssimo. Houve mais empatia entre os dois na segunda parte.
É possível cantar Schubert de forma intimista, sem ter um vozeirão, sem usar vibrato, tendo uma caixa de ar reduzida (e notou-se em alguns ligeiros problemas de respiração que Bostridge disfarçou com indesmentível inteligência) que impede grandes arcos em legato, apenas com uma voz de timbre belo e inteligência.
Creio ainda que Bostridge tem um campo de evolução notável pela frente, apesar de já ser um cantor extraordinário. Terá muito a ganhar se se deixasse de tanta pose e maneirismo vocal e cantasse de forma mais expontânea.

Entretanto fiz quarenta anos, é mais que hora de acabar com birras de tempos da faculdade. Já aqui expliquei porque razão deixei de assistir, durante 18 anos, a recitais e concertos com Sequeira Costa. É tempo de mudar, o tempo dos arremedos olímpicos já passou, seriam apenas manifestações de intolerância nesta idade um pouco mais madura. Sequeira Costa é um dos grandes pianistas do nosso tempo, aluno de Vianna da Motta, aproxima-se dos oitenta anos. É tempo de voltar a escutar o mestre e, mesmo que dê mais notas erradas do que as escritas na partitura, ouvir e aprender com prazer e tolerância quem fez muito mais e melhor do que nós. Teremos cada vez menos oportunidades de o fazer. Espero não ter de lamentar os anos em que, por embirração, deixei de escutar Sequeira Costa.
Hoje e amanhã na Gulbenkian.


1.2.06

1826 

Sampaio atribuiu durante o tempo que leva de mandato 1826 condecorações, mais a do Bill Gates e é uma medalhita de dois em dois dias durante o mandato. Será que ainda há gente para condecorar?

Sugiro uma comenda simpática para Santana Lopes por relevantes serviços ao país, acho que era mesmo o que faltava para Sampaio terminar o mandato em beleza...



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